A pedra da loucura
Dizia Pizarnik com um poema nas mãos
Vou extrair meu amor
O poema louco
Que nas linhas das mãos eu te lanço
embaralho a minha língua
na língua furiosa de um são paulino
que de santo nem o pau, nem a sanidade
a cidade nos entra com toda a tua grandeza
a tua grandeza me parece o viaduto
que eu cruzo
a minha febre de desejo
se confunde com a saudade
que eu cruze a Ipiranga
que na boca dele eu grite Liberdade
quando seus lábios tocam o meu rosto
não é apenas o meu rosto a ser tocado
é o meu ser a ser devastado pelo seus lábios
minha poesia a ser invadida
minha moradia a ser ocupada
os pássaros do meu céu incitados
a voar desvairados, lúcidos, incendiados.