tag:blogger.com,1999:blog-75607574182480442272024-03-18T20:26:18.871-03:00amante Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.comBlogger1436125tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-67229935788184465412024-03-18T20:23:00.002-03:002024-03-18T20:25:44.825-03:00algo me diz 1. <div>algo me diz que não é karma </div><div>apenas não fui embora mais cedo </div><div><br></div><div>2. </div><div>algo me diz que não é paixão</div><div>é desalinhamento de chacras </div><div><br></div><div>2.</div><div>algo me diz que não foi destino</div><div>cruzei a esquina errada </div><div><br></div><div>4. </div><div>algo me diz que não era para ser </div><div>mas se foi </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-35924686435313726632024-03-17T22:40:00.010-03:002024-03-18T10:20:13.847-03:00o café da padaria frio não é uma metáfora <p>deslumbres catastróficos,</p><p>a espuma das teorias,</p><p>– meteoros programados </p><p>para o dia de hoje,</p><p>o ontem que fora adiado, </p><p>ou a desventura dos sessenta </p><p>graus e meio? </p><p>cérebros desmanchados,</p><p>nossos rostos cor de laranja, </p><p>(que imagem fresca me vem à palavra)</p><p><span>s</span><span>opa sem calor, calor. </span></p><p>dos rostos contorcidos </p><p>acho que escapamos por uma vírgula,</p><p><span>c</span><span>afé frio da padaria,</span></p><p>poderíamos chamar de ironia, </p><p> neste imoral calor </p><p>mas é apenas um puta humor. </p>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-65658838201543081962024-03-14T17:56:00.002-03:002024-03-14T17:58:30.238-03:00faróis-faíscas sob a luz de dois quadros acesos<div>na multidão de nosso quarto,</div><div>curto-circuito:</div><div><br></div><div>nossos olhos aprisionados à ilha,</div><div>faróis. faíscas. </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-36978808005020665142024-03-09T14:51:00.002-03:002024-03-09T14:54:33.278-03:00baby, eu quero o seu amor eu leio as suas letras, as canções <div><br><div>eu quero dançar a tarde inteira</div><div>até ver o sol se pôr </div><div>no teu corpo</div><div><br></div><div>eu vou te dizer baixinho</div><div>o que ninguém nunca confessou</div><div><br></div><div>oh, o que ninguém nunca vai te confessar</div><div><br></div><div>porque, meu bem, com você </div><div>eu quero <span>dançar a tarde inteira </span></div><div>até ver o sol de novo</div><div>do teu corpo se pôr </div></div><div><br></div><div>eu leio os seus defeitos, eu o adoro </div><div><br></div><div>quero que você me diga bem alto</div><div>o que ninguém nunca me confessou </div><div><br></div><div>oh, baby, eu quero o seu amor </div><div>baby, eu quero o seu amor </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-88849386671976422462024-03-06T02:55:00.003-03:002024-03-06T02:56:48.484-03:00<span>estou com uma ferida </span><div>no rosto do meu coração </div><div> isso é humanamente impossível</div><div><br></div><div>ele zomba da minha metáfora </div><div>é apenas um modo de especular </div><div><br></div><div>você deveria me levar mais a sério</div><div>eu o respondo antes de sair </div><div><br></div><div>nos reencontramos no elevador</div><div> você não vai entrar?</div><div><br></div><div>onze andares e nenhuma troca de olhar </div><div>nenhuma fala </div><div>nenhuma </div><div>vontade de chegar ao primeiro andar </div><div><br></div><div>andamos na mesma direção</div><div>por ruas opostas</div><div>ele entra na loja de capas de celular </div><div><br></div><div>olha para trás </div><div> você não vai vir atrás? </div><div><br></div><div>entro logo após </div><div> em que posso te ajudar? </div><div><br></div><div>estou com uma ferida </div><div>na face do meu celular </div><div> isso é tecnologicamente </div><div><span>impossível </span></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-12747720267231385142024-03-05T04:35:00.004-03:002024-03-05T04:41:44.252-03:00Primeiro beijo <span>Ney Matogrosso, </span><span>em uma entrevista, </span><div><span>diz que ao beijar </span><span>Cazuza</span></div><div><span>pela primeira vez, o que soava banal</span><span> </span></div><div><span>fez o mundo ao seu redor desaparecer </span></div><div><span><br></span></div><div><span>Fico a imaginar que entre eu e você,</span></div><div><span>sobre o primeiro beijo, </span><span style="letter-spacing: 0.2px;">anos depois </span></div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;">se questionada, em uma entrevista,</span></div><div><span>eu diria – depois dele o meu mundo surgiu</span></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-17405334888740658572024-03-01T21:41:00.006-03:002024-03-03T16:22:30.166-03:00A noite eterna, Judith: botar fogo <p>O arquivo, introspec-ção</p><p>De nós e quando memória, vejamos </p><p>A história, a língua, a tua voz que</p><p>Preenche todos os espaços </p><p><br></p><p>Dos mais recondintos não imaginados</p><p>que assim nos apresentam</p><p>Lúcidos, escandalosos</p><p>as suas camadas e camadas e camadas</p><p>de potência e mistério </p><p><br></p><p>Rastros, imaginários</p><p><br></p><p>Inscrever, estar+ nos </p><p><br></p><p>E a nós que nunca estivemos </p><p>À noite, dentro da noite,</p><p>Por mais que estivéssemos a todo tempo</p><p>Dentro, dentro da noite. Em nós.</p><p>Mas cada noite antecipa a</p><p>Luz, possibilidade de luz,</p><p>Discreta ou radiante</p><p>Se possibilidade </p><p><br></p><p>O que somos nós? </p><p>Um rastro?</p><p>Uma luz?</p><p><br></p><p>Transa, transa, transa </p><p><br></p><p>Eu transo com você. Convosco – </p><p><span>Sempre a botar fogo</span><br></p><p><span>.</span></p><p><span><br></span></p><p>Ananda, Gyzelle e Henrique </p>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-24539278719775526182024-03-01T06:41:00.002-03:002024-03-01T06:46:43.742-03:00dez mil sonetos sem matéria entre as paredes de nicotina<div>decido – é óbvio </div><div>por incendiar mais um cigarro</div><div><br></div><div>olho para a minha mão</div><div>é tão perversa </div><div>decido pintar </div><div>as unhas</div><div><br></div><div>depois que uma angústia</div><div>me acomete o núcleo do peito,</div><div><br></div><div>olho para a minha mão</div><div>é tão singela</div><div>poderia caber </div><div>dez mil sonetos sem matéria </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-49365304036117821282024-02-24T18:46:00.003-03:002024-02-24T18:48:32.609-03:00biografia Gyzelle Almeida de Araújo Góes<div><br></div><div>Poeta, professora, pesquisadora e mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tendo sido contemplada com a bolsa FAPERJ nota 10. Pesquisadora de arquivos pessoais de escritores, em 2020 foi contemplada com a bolsa de Pesquisa de Conhecimento Técnico e Científico na Área da Cultura pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), onde trabalhou com o arquivo de Sebastião Uchoa Leite a partir do projeto "Sebastião Uchoa Leite e a poesia contemporânea". Atualmente, ingressou no doutorado da PUC-Rio com o projeto de pesquisa de diários dos autores Foed Castro Chamma e Walmir Ayala, salvaguardados pelo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB). Publicou duas obras poéticas: O que fizemos das nossas delicadezas (2021), que teve duas edições e Amante (2019). A poeta carioca formou-se em Letras-Licenciatura pela PUC-Rio em 2019.</div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-73378769803952036892024-02-22T01:12:00.004-03:002024-03-01T06:43:18.578-03:00Sacopã Vislumbro a paisagem, <span>olhos </span><div><span>ao fundo de uma lagoa </span><div>Alaga-nos à fronte </div><div>de saudade </div><div><br></div><div>De braços estendidos, silhuetas</div><div>eretas de desejo revestidos </div><div><span>Aponto para </span></div><div>a casa – um só corpo </div><div><br></div><div>Para onde vão os barcos?</div><div>Neste lago sequer </div><div>percebo o fim </div><div><br></div><div>Vejo-o infinito. A nós. Infindando-o. </div></div><div><br></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgiSIkKGTgLKCtqj9Id0LGZXutV6B7omWv3L0YOo6WcA1zjXSBjmNhAwWeXhs7in5isRdgQ3THyLOBqNBD6t8j3lxM8-pXEGT9t-7qdZjCA0Z8dou4jXeYcAHTcuLCeWjdlsbLRSoHtD1XnrxzXx1OnqMSnsf8GS653RRAJ8t0kvA1bVRWD04z9qEVk0Xs" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgiSIkKGTgLKCtqj9Id0LGZXutV6B7omWv3L0YOo6WcA1zjXSBjmNhAwWeXhs7in5isRdgQ3THyLOBqNBD6t8j3lxM8-pXEGT9t-7qdZjCA0Z8dou4jXeYcAHTcuLCeWjdlsbLRSoHtD1XnrxzXx1OnqMSnsf8GS653RRAJ8t0kvA1bVRWD04z9qEVk0Xs" width="400">
</a>
</div><br></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-52751550937577504092024-02-19T07:15:00.003-03:002024-03-01T06:44:48.072-03:00marulho no rosto a cicatriz <span>do mar </span><div><span>a marulhar o som</span><div>atrás do vidro</div></div><div><br></div><div> [vidrados os dois </div><div>glóbulos oculares</div><div>ocultos </div><div><br></div><div>empalhados os corações </div><div>nas mãos <span>de uma canção</span></div><div>viúva – </div><div><br></div><div>mergulhar </div><div>na vibração que os braços</div><div>do mar afunda </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-35616411212929809842024-02-12T03:27:00.004-03:002024-02-19T07:28:33.831-03:00titubeios não me assusta <div><span>ter falhado </span><span>com os títulos</span><div><div><div><span>e </span><span>que os meus poemas</span><br></div><div>não tenham sido os escolhidos</div><div><br></div><div>não tenho mágoa <span>que não possa </span></div><div><span>ter sido sangrada. </span></div><div><br></div><div>apenas nas mãos a lava </div><div>sórdida e revestida da alma </div><div>que pouco resguarda <span>a não ser </span></div><div><span>o véu das desgraças. </span></div><div><br></div><div>nunca abandonei o rosto</div><div>que um dia me assoprou</div><div>o mistério do mundo</div><div>ainda no berço </div><div><br></div><div>nunca falhei ao soletrar</div><div>o próprio nome enquanto engasgava. </div></div></div></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-33528704341792583722024-02-12T03:11:00.001-03:002024-02-12T03:11:50.265-03:0012 fev 2024 Estou novamente com Ayala, cruscificada ao seu lado. Soube desde o princípio que éramos criados um para o outro. Que nos precipitaríamos a recriar a morte. Ele me nubla, perverte. Soube que seríamos uma solidão única antes do som das aves. Assim como as cores das purpurinas, o Amor nos enfeita. Soube desde o início que estaríamos desgraçados pelo Amor. O que é isto que você carrega nas mãos? Gostaria de perguntá-lo <div>[<span style="letter-spacing: 0.2px;">se não soubesse ser a tinta azul da caneta de ontem. O ontem não havia nós, não como hoje. Não este gosto de um Amor que nunca saberíamos traduzir. </span></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-70262864893571223042024-02-11T01:40:00.002-03:002024-02-12T03:12:23.604-03:00minibioGyzelle Góes é poeta, professora, pesquisadora, capista e mestranda em
<div>Literatura, Cultura e Contemporaneidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio de <span style="letter-spacing: 0.2px;">Janeiro (PUC-Rio).</span><span style="letter-spacing: 0.2px;"> Atualmente, </span><span style="letter-spacing: 0.2px;">ingressou no doutorado da PUC-Rio e pesquisa arquivos pessoais de autores salvaguardados pelo </span><span style="letter-spacing: 0.2px;">Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB). Publicou duas obras </span><span style="letter-spacing: 0.2px;">poéticas: O que fizemos das nossas delicadezas (2021) e </span><span style="letter-spacing: 0.2px;">Amante (2019). A poeta carioca se formou em Letras-</span><span style="letter-spacing: 0.2px;">Licenciatura em 2019.</span></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-1363795291639259152024-02-09T22:27:00.001-03:002024-02-09T22:27:57.761-03:00II<div><br><div></div><div>tudo o que leio teu é como se
</div><div>fosse a primeira mordida
</div><div>eu te chamo para jantar
</div><div>à luz dos olhos
</div><div>nós comemos berinjelas
</div><div>e poderíamos jurar que os peixes
</div><div>morrem –
</div><div>e se tornam arroxeadas
</div><div>as suas barbatanas
</div><div>há quanto tempo você não faz as malas?
</div><div>toda vez é como se
</div><div>eu não te conhecesse
</div><div>você é um completo estranho
</div><div>você se apaga
</div><div>você é uma notícia inédita
</div><div>dentro do televisor
</div><div>te vejo e você parece aquelas
</div><div>caixas dentro de caixas
</div><div>dentro de caixas
</div><div>[vazio]
</div><div>o que você deixou
</div><div><br></div><div>
</div><div>
</div><div>
</div><div>
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</div><div>
</div></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-15921249154068831302024-02-04T20:53:00.010-03:002024-02-12T03:32:05.235-03:00empinar pipas I.<div><br><div><span>Cavar na terra o sítio</span><div><div>onde eu possa te segredar </div><div>com gestos e sem segredos </div><div>onde enterrei o meu desejo </div><div><br></div><div>E que possamos ter a intimidade </div><div>de brincar com os nossos olhares</div><div>como dois adolescentes </div><div>a empinar pipas</div><div><br></div><div>II.</div><div><br></div><div>Ter o céu somente para nossos</div><div>rostos elucidarem <span>onde </span></div><div><span>a felicidade </span><span>termina </span></div><div><span><br></span></div><div><span>Um sítio na terra onde poderíamos </span></div><div><span>ser </span><span>como dois adolescentes</span></div><div><span>a empinar pipas</span></div></div></div></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-83813657201681732072024-01-31T07:08:00.003-03:002024-01-31T17:10:29.630-03:00baixo Gávea <div>sete anos de azar</div><div>tenho colocado</div><div>a culpa da minha</div><div>falta de amar em cima</div><div>do espelhinho quebrado dentro da bolsa</div><div><br></div><div>ou será que esqueci de beber depois de brindar? </div><div><br></div><div>a rua não se modificou</div><div>desde que a minha solidão criou nome<span style="letter-spacing: 0.2px;"> </span></div><div><br></div><div>esqueci o casaco no bar da Gávea</div><div>mas ainda não saí da Gávea</div><div>eu acho que esqueci</div><div>muitas coisas</div><div><br></div><div>a roupa para lavar</div><div>e o coração de molho</div><div>daqui do alto dessa pedra eu vejo o amor acenar </div><div> </div><div>9 nov 2014 </div><div><br></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-73775349853222444142024-01-31T06:50:00.004-03:002024-01-31T17:03:47.252-03:00Um copo de mágoa <div><span>eu vou te ferir com palavras</span></div><div>e você vai me magoar com atitudes</div><div>o sol crescerá no topo da cabeça</div><div>e as bebidas consumidas – em dobro</div><div>não vão satisfazer a sede</div><div><br></div><div>mas a noite surgirá tão cruel </div><div>que remediará as enfermidades</div><div>– o desgosto na goela</div><div>vai nos convidar à rua</div><div>sermos completamente imundas </div><div>na cama no banco no papel em branco</div><div><br></div><div>os nervos os ossos os pés no asfalto</div><div>cantalorar o ódio e a fissura </div><div><span>em nossas bocas o </span><span>sabor</span></div><div><span>inútil de dia a dia </span><span>o sol reapareceria </span></div><div><span>ainda maior </span><span>dia após dia</span></div><div><span><br></span></div><div>o mundo terá de assistir calado</div><div>ao suor envernizado <span>desfilando</span></div><div><span>pelos corpos em fúria um copo</span></div><div><span>de mágoa uma gota do teu perdão </span></div><div><span><br></span></div><div><span>21 Jan 2016</span></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-81318761181119620792024-01-31T06:29:00.005-03:002024-02-05T18:23:23.848-03:00Meio-fio<div>esperei a chuva anunciada às 19h</div><div>tamborilar a nossa trilha sonora na rua toda molhada</div><div>e te ver entre as bainhas das calças encharcadas</div><div>sorrindo com os olhos meio fechados meio me olhando</div><div><br></div><div>meio falando que o caos é alinhado</div><div>assim grudado à minha boca</div><div><br></div><div>rascunhamos a alvorada</div><div>eu ainda espero a gota d'água</div><div>vômitos dos bueiros e os ratos enfileirados</div><div>as cores embaralhadas dos guarda-chuva</div><div><br></div><div>o barulho da rua gritando nossos sobrenomes</div><div>empilho as bitucas</div><div><br></div><div>meu cabelo em transe com seu travesseiro</div><div>e os olhos assim meio exatos meio ordinários</div><div>tumultuam o silêncio úmido que há em mim</div><div><br></div><div>12 Set 2015 </div><div><br></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-42937811573844680382024-01-31T04:48:00.001-03:002024-01-31T04:48:13.962-03:00o canal do centro da cidade busco retratar a solidão<div>em versos livres, <span style="letter-spacing: 0.2px;">aquela </span></div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;">que se vê no rosto</span></div><div>de uma fotografia invertida </div><div>de um canal cortando a cidade </div><div><br></div><div>retrato o meu rosto invertido</div><div>no centro da cidade</div><div>cortando a fotografia</div><div>de um verso </div><div><br></div><div>o seu rosto investido no meio</div><div>do meu centro entrecortado</div><div>dentro de um retrato, livro-me</div><div>da cidade, encontro a solidão </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-73302452523769223392024-01-30T22:37:00.003-03:002024-01-31T05:27:28.043-03:00Biografia: Gyzelle Góes é poeta, professora, pesquisadora, capista e mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tendo sido contemplada com a bolsa FAPERJ nota 10. Pesquisadora de arquivos pessoais de escritores, em 2020 foi contemplada com a bolsa de Pesquisa de Conhecimento Técnico e Científico na Área da Cultura pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), onde teve contato com os acervos dos autores Foed Castro Chamma, Sebastião Uchoa Leite e Walmir Ayala. Atualmente, ingressou no doutorado da PUC-Rio com um projeto em torno de diários dos arquivos pessoais salvaguardados pelo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB). Publicou duas obras poéticas: O que fizemos das nossas delicadezas (Ed. Folheando, 2021), que está em sua segunda edição, Amante (Ed. Urutau, 2019). A poeta carioca se formou em Letras-Licenciatura pela PUC-Rio em 2019.Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-85308477730997277342024-01-30T02:47:00.001-03:002024-01-30T02:47:16.376-03:00Mediterrâneo <div><br></div><div>I</div><div>às noites, </div><div>estiro o teu nome </div><div>no sal do mediterrâneo</div><div><br></div><div>aos pés de uma ternura de pólvora. </div><div><br></div><div>II</div><div>espanta-me que as retinas </div><div>das constelações estejam tão discretas </div><div>diante da festa que faz o teu coração,</div><div><br></div><div>cismo que o trovão </div><div>possa ferir o teu sono de pedra. </div><div><br></div><div>III</div><div>às manhãs, </div><div>estendo o teu nome</div><div>no néctar das minhas quimeras</div><div><br></div><div>aos pés de uma rudeza de pétala. </div><div><br></div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-5038643841943607042024-01-30T01:44:00.002-03:002024-02-19T07:26:17.952-03:00sobre as delicadezas escrever um poema <div>que não discuta o amor</div><div><br></div><div>mas a sombra partilhada dele. </div><div><br></div><div>queria solicitar um instante </div><div>de mútuo silêncio</div><div>emudecida de olhos. </div><div><br></div><div>ocorre que o coração –</div><div>ouro, orquídea, sol – </div><div><br></div><div>não fragiliza a face da boca </div><div>aos pés deste brilho <span>fosco. </span></div><div><br></div><div>um poema </div><div>sobre o amor </div><div>nunca seria o meu forte. </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-26938641543545718752024-01-21T13:22:00.006-03:002024-01-21T17:26:25.195-03:00quadriláterohá um quadrilátero <span style="letter-spacing: 0.2px;">da tristeza</span><div>entre as dobradiças do teu rosto,</div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;"> </span><br></div><div>ao debater-se à porta</div><div>você a mim questiona</div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;"><br></span></div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;">existe porta? </span></div><div>não há, como vês </div><div><br></div><div>mas se reparares, talvez</div><div>seja o buraco <span style="letter-spacing: 0.2px;">da fechadura</span></div><div><br></div><div>aquilo, o que afinal procuras? </div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7560757418248044227.post-89103755802687052112024-01-21T03:22:00.003-03:002024-01-21T03:24:17.709-03:00céu da língua dai-me uma solidão <div>mais lúcida – este é meu véu </div><div><br><div>pois, veja bem,<span style="letter-spacing: 0.2px;"> o céu </span></div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;">me enviou uma estrela</span></div></div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;">e eu a pus debaixo da língua </span></div><div><span style="letter-spacing: 0.2px;"><br></span></div><div>ouço-te, noite </div><div>e me encaro no espelho</div><div>oval de um supermercado </div><div><br></div><div>vislumbro-te, questiono</div><div>onde será que você </div><div>encontrou o teu sorriso?</div>Gyzelle Góeshttp://www.blogger.com/profile/06775972979492511425noreply@blogger.com1