domingo, 23 de março de 2025

devorei-o

neste final de março, 
o poema que não escrevi me acusa 

sem rancor, mas com um fiapo 
de sangue coagulado nos olhos. 

sem palavras que me justifique, 
o fito com o mesmo sangue,

este que, ao invés de nos olhos 
se pende às marginais da boca. 

não preciso dizer, 
devorei-o. 

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