terça-feira, 27 de novembro de 2018

transa

o que farei com a ânsia
de te procurar
procuro um livro?
e eu que não sei qual título
delegaria ao trama
e qual capa serviria
pra te parar
na esquina
voltando do trabalho
seguindo o olhar
você segurando um cigarro
em dois dedos
e me olhando
como quem pergunta
por que veio?
não sei o que respondo
então me deixo voltar
os olhos as páginas
lambo o dedo
viro a esquina
me faço de desentendida
mas a verdade
é que falta entender muito
por exemplo
porque você se faz
de desentendido?

segunda-feira, 26 de novembro de 2018


99. 
Memória, bagagem, crochê, a senhora e eu no balanço.Vó eu vou te escrever mais legível para que me lembre, depois. Parece que nos
es
que
ce
mos. hoje ainda fiz uma foto lembrando do paraíso e do futebol; e tu que navegava distante? vó teu grito. Teu silêncio. Escuta, 
sua neta veio beijar você. Sim, sua neta, minha filha. Pele e pele e mais pele... 
Lembrarei de sentir saudade,

terça-feira, 20 de novembro de 2018

estranho seria se eu nao me apaixonasse por teu tudo, tudo pintura, teu céu mercuriado, teu jeito de sorrir enquanto nao sei se chora ou se sorri mas a mim soa uma felicidade indiscreta, obscena. teu vão entre as pernas e as palavras, tua parole infinitiva, teu suor petrificado, teu significantismo.

toda vez que meu estomago embrulha feito presente se abrindo me pergunto quem é? 

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Travesso

por todas as estantes 
devo ter estado dedilhando 
o recôncavo do teu rosto reclinado 
na marquise ao fumar unzinho

eu que nunca mais vou dormir 
a dormência de uma criança que nasce 
morta dentro de poemas melindrosos 

você nascendo na década de 80 
e eu descobrindo os leões aos 12 você 
tentando dizer eu poesia você surgindo

ele trabalha aqui dentro dos livros 
dentro desse livro que você decide 
comprar você descontraído ao lado 
dos outros você correndo para repor 
o estoque você de costas aguardando 
alguma dúvida

mas você sabe que eu seria incapaz 
de chamar seu nome se não for 
para falar de amantes ou para discutir 
sobre o peso das horas oleosas 
do teu rosto reclinado enquanto fuma unzinho

sábado, 10 de novembro de 2018

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

De volta aconchego entrada

hoje falaremos lentamente de histórias do pretério mais do que esgarçado a carne e dente as bagagens 

desse angulo a gente tem comido os leões as leoas mostram os dentes e o bando transita de bipe

a ponta da janela relampejos o espiral das ilusões consumidas a moda boi e foi assim que achamos por acaso descobrir pela cerca as cores o verde ao vento

o desfazer das caixas envelopes identidade trocada diario riscado três ou mais nomes é por ser incontável que a memória se reduz ao cérebro

na cuca um poema pra findar a noite assim se fosse um parto prematuro estagnado no tempo o poema estaria pronto para respirar as próprias lágrimas contidas na placenta

faz tempo que a gente se esqueceu de retornar e ver o que aconteceu se por acaso ficou ou permaneceu ainda no esquecimento as coisas breves

a vida vem e volta lentamente as historias as mãos entretantas viagens infíma retorno ao útero

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

em tempos de angústia, caio em fernando abreu

Eu ando criando dentro de mim uma expectativa tão imensa, tão viva, de coisas boas.

gratidão

por mais que escreva poesia ainda sou tímida o bastante para verbalizar meus sentimentos, mas sou muito grata por tudo e por nada. gratidão, sinto muito.