quarta-feira, 26 de setembro de 2018

olho pro mundo e o mundo me olha em silêncio

fui descrever 
um poema tardio 
nao sei se dizia da hora
ou do tempo no mundo 
disponível pro poema

tive tempo de correr 
da onda arrastada 
pro fundo
por colher amoras 
no quintal amarelo

fui olhando a cor 
daquele fim 
de tarde 
reelaborei meus dias

a partir das cores 
gentilmente surpresa 
por espanto descrevi 
o gesto do medo

agindo de modo 
espontaneo 
de um jeito 
como se é

foi assim fui 
fazendo poesia
apesar das horas 
indisponíveis 
pro poema de agora

domingo, 23 de setembro de 2018

sei acordar
e de um sonho
me toco dormente
averiguo certamente
delicada
simbólica
parte
dessa identidade
vai se recompondo
depois de um sonho
talvez ainda esteja em mim
talvez estejamos nele
talvez não estivesse
mas parte disso
faz parte do meu sonho
fio de pipa
certa vez fui brincar
e acabei crescendo
por partes
eu acho
porque as vezes digo
e quem ouve ainda
ri como na infância
então sou eu permanecendo
acordada?
estou em mim assim
reconheço ser meu o corpo
meu sono
desse jeito as coisas
tangíveis e bem simples
é quando me encontro
ou acho que
não sei
mas sabe? sabe-se lá
nos encontramos 

sábado, 22 de setembro de 2018

sonhei com a aula de português

hoje sonhei de manhã o que é locução às pressas
explicava de repente o livro de língua
que é a junção de palavras
fui aos adjetivos então
pois eles davam uma característica
tentei pensar no dia
para encontrar exemplos bem simples
devia ser então acordar com sono
escrever a poesia luz do sol
e estudar por emoção
De antemão
sonhar com alegria
sabia que podia modificar as palavras
pois tinha visto no livro de páginas
que através dos advérbios
era simples mudar as circunstâncias
de tempo; -
de modo; -
de quantidade; -
de afirmação; -
de negação; -
de dúvida; -
de intensidade; -
de causa; -
e de lugar -
fui desvendar
a locução que dizia
que eu devia acordar
quanto ao tempo
isso aconteceria alguma hora
de um jeito bem cedo
eu ouvisse uma voz de verdade
por completo sem voz
de que estaria sem dúvida
e que estaria de jeito nenhum
tão em um sonho quem sabe
em um sonho por demais
e acordo
e troco de lugar:
com mistério deito a cabeça de sonho
e descubro dormitar

ser/estar

sou
somos
devagar
fui vagando devagarzinho
vagarosamente
vaguei
eu tô perdida
+ acho que tudo bem
estar de mal
isso não passa
de um estado de carinho
por nosso estado
por onde fomos?
as vezes eu gostaria
do meu modo de brincar
e das rosas de amor
e as vezes sou
por vezes somos


de manhã

existe alguma coisa muito boa
que a gente as vezes sente e de verdade
a vida vai ensinando bem rápido
as delicadezas de um jeito bem devagar
por inteiro a vida de carinho
de brincar e de dormir
a vida sem dúvida ensina por alto
de frente de esperta
a vida nos pergunta
como?
a gente se pergunta
e quando descoberto
de descuido
nos encobre devagar de noite
a vida diz que recomeço
e de novo de manha a gente acorda

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

disserse

sei da sua indiferença
o mundo é inseguro
você se vê no escuro
e acha que ninguém te enxerga
você vai colher plantas
você vai sorrir sem saber
tendo certeza
absolutamente
de tudo e nada
ao mesmo tempo
e vai chegar a hora
que achará melhor dormir
mas não vai encontrar lugar
que chame de repouso
vai insistir
até dizer chega
e quando chegar a hora
vai desistir
mas vai insistir
de novo
isso é o de mais sutil em você
desvia e vira olhos para ver

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Imensa


imensa
esvazio
me
talvez ainda
não tenhamos
descoberto
largura
atravesso
descoberta
corpo
lençóis
amarelos
talvez
tenhamos
descobrindo
olhos
ontem pretendíamos
não forçarei nossos cigarros
mas
acendo
fogo
cozinho arroz
deito
penso
estar
em
um
sonho
escrevo memórias
me
cubro
versos
pergunto
aceitaria
esse silêncio?



segunda-feira, 17 de setembro de 2018

alagoas

do mesmo modo se banha
a eternidade deste agreste
em teu busto;

o mofo e o limbo
preposicionados o bafo do dia
amparados nossos perfis
transgênicos;

talvez seja deste modo
que a tempestade anuncie ventos
de palha e areia;

tenhamos talvez na incerteza
das interlocuçoes
suspendido o diafragma
e engolido poemas;

tragicômicoss 
desenfreados;

e no percurso
o cisto recai ao parabrisa
e a gente se lembre de estacionar;

deste lado do agreste alagado
na beira do olhar;

sábado, 15 de setembro de 2018

Fernanda

ainda que todos os poemas te falem de Sol ou da manhã,
e se delonguem
voce descobriria que novamente o sol falará sob ti
e por viver sob o Sol
teu rosto largo se alogando num sorriso e se os poemas o Sol e a manhã são por tu metáforas
quanto a ti poderia criar todas as abstrações possíveis
se fosses Alice,
Clarisse, e A maior mulher do mundo,
ainda serias Fernanda acordando o Sol ao sorrir longamente
delirando de Sol amanhã

terça-feira, 11 de setembro de 2018

teu poema de saudade que me chama?

ele retornou no quinto dia útil
portando um sorriso 33mm
próximo à terça da paixão.
quando do alto a gente
estendia os braços!!
e seguia vagalumes,
o vermelho das caras
estampavam as cores do bairro,
era alvoroçada tal fugacidade
desnaturada de cavalos-marinhos...

quando voltou àquela hora
já fora tarde para dizer que esquecera,
os poemas prendidos na língua,
recitava como quem descrevia
um quadro largo na mesa do jantar.

dizia da languidez do vulcão
que parecia ferver por debaixo
dos panos mastigados,
parecia sorrir sem hora precisa
como um gatilho.
e me mostrou com os dedos
o mapa escondido bem

na bordinha do céu,
e os olhos de ver tamanho mistério
desaguavam estrelinhas...
sinto uma grandeza de narrar
esse encontro/essa chegada
pois descobrira coisas
encolhidas no verso que fazia
ao estirar a boca.
revelara que o rio não somente flui
como navega em si
e jamais retorna
que às vezes o bonde é transporte
de saudade,
que o gosto gelado de inverno
queima a oleosidade dos cabelos,
que o mundo...

ainda descobriria

retornaria como quem envia
uma carta às pressas,
anunciara chegada.
ao certo, sei quem és,

mas certamente só através da experiência

e há de se saber que por experiência
decerto não sei. quem és?

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

límpida

sinto teu sabor banho de lágrima na memória respirando em minha boca,

quando me disse do cheiro de cigarro impregnado na despedida, quis dizer que teu cheiro não era a fumaça que deixava no quarto pela janela trancada,

quis te dar um trago, mas fui embora pelas 7 a fim de nao te acordar com minha tosse,

temo demais ser a confusão em tua cama, e que teu cheiro se confunda com meus olhos,

e gosto desse sabor aguado de fluidez quando a gente se esbarra, ou quando teu ronco delicado me faz sorrir,

e se disser que sorrio é porque no teu colo me banho de calor do corpo sentindo, e se disser o que sinto estaria entregando o porquê de chorar junto ao teu cheiro,