quinta-feira, 9 de julho de 2020

sóis em desalento

vim só aqui para te ver 
teu rosto arroxeado
sem saber se está de bruços
ou debruçada sob meus olhos

vim saber se acordou ainda morna 
e te descubro a chamuscar pulmões 
a me tocar do outro lado da ponte 
daqui te vejo brilhante 
mais exposta do que uma pintura 

aqui dentro você lateja 
com a força de um caminhão na estrada
mais potente do que ontem 
e te revelo ainda dormente 
apontando no caminho o universo 

você me aparece como sempre 
com as pontas esticadas 
a boca portando uma fornalha
e me esqueço a que vim 
se não o pó das horas dos sóis 

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