segunda-feira, 20 de julho de 2020

à F. Passoni - que não leia este e outros meus poemas

eu te amei no tempo das descobertas, 
eu te amava sem rosto, sem nos tocarmos
mas sentia de teus olhos o lançar
chamas debaixo das minhas pernas; 

foi a era da treva quando eu te amei 
esse amor do qual falo é uma espécie
de coturno e saia justa; 

e eu que sempre prendia o choro 
foi depois de ti - esqueci de não chorar 
e que eu decidi a desconfiar 
do que dizia o olhar
os seus, os olhos, omitiam as intenções 
sempre tão secos; 

eu te amava embrutecida pela pouca idade
aprendendo a amar errado, pois foi por ti
que aprendi a mentir meus erros 
eu aprendi a negar meus desenganos
eu até aprendi que sofrer era parte;

eu aprendi de uma vez a te amar e outras 
coisas mais, mas chega de mágoa - 
eu resolvi te escrever por lembrança
por reviver esse amar verde 
foi a era do trevo também; 

esse amar que surgia vermelhinho 
em tua boca, de sotaque interior 
das minhas vontades mais escondidas
foi ao te amar que descobri amar 
o corpo oculto das mulheres; 

foi ao te amar que descobri cores novas 
uma delas se chama Passoni 

Nenhum comentário:

Postar um comentário