domingo, 15 de dezembro de 2019

a gaita da meia-noite

o coração de luneta tocava sua gaita 
feito o corpo de uma mulher azul
jurava que fazia poesia 
somente nas horas vagas 
e que batia o ponto 
era pontual quando vinha 
com um sorrizinho e uma piada 
para cortar o breu
era o silêncio que o fazia 
sentir ser o abismo 
era puro abismado e gravava vídeos 
para poupar o diário que nunca existiu 
os poemas existem mas têm 
hora marcada 
o outro desfilava nu na floresta 
e ficou depressivo 
teve que retornar para o moletom 
e aos lançamentos da Netflix 
aquele que era poeta parece 
que tinha uma musa 
mas era o barulho da gaita 
dentro da boca 

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