domingo, 18 de outubro de 2015

sábado

teu câncer no peito
a chuva que não resistiu às minhas costas
uma bossa no rádio de pilha
um tabaco na boca e teu timbre
como se fosse força esse abrigo
que carrega nas cordas
como se fosse mentira essa chuva
e o meu arrepio um miado de fome

tua rima escondida no bloco de notas
um rugido da porta parece anúncio
parece medo e motivo de garoa
os gatos de rua morrem mais de 7 vezes
e a marquise arquitetônica de teus braços
saciando a ânsia esfomeada de sábado
insistente em esfregar os textos diluídos
na folha branca de tua superfície
apaziguando a chuva

é tanto pretexto
mesmo que falte cinzeiro
céu nublado
fumaça escapando
e de súbito tu me rouba a saliva
como quem sente sede
mesmo depois de toda chuva fina
com gosto de água salgada

4 comentários:

  1. Quando a chuva não resiste, nada resiste ao encanto das palavras que pululam ao teu redor e são teus escudos e doutores dos teus versos no futuro. É isso. Os que roubaram tua saliva farão teus clones , eu - lamentarei o que não roubei de ti. Tu é algo que me faz bem, não importa em que parte do mundo tu está ou estará.
    Uma boa semana.

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  2. É tanto pretexto
    para lhe roubar
    um beijo
    que o sábado
    vira segunda
    antes mesmo
    do domingo
    gastar o gás
    do seu isqueiro.

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