domingo, 19 de julho de 2015

o seu nome escorre quente em minha boca


se não me levasse tão a sério
me levaria pra cama 
de quatro 
rezando pelo nosso pecado
que só existe quando escrevo com 
a língua na pele 
em carne 
ríspida 
o suicídio de um verso mal gozado

ao menos me entregaria algum 
resumo 
seja o seu número 
ou um olhar mais dócil 
do esse perdido no próprio tumulto
não me deixaria esperando por notícias 
sobre o novo tom da sua camisa engelhada 
na gola por culpa 
quem sabe? 
de alguma briga 
quem sabe inteiramente minha

estou sugerindo soluções 
menos dramáticas
e mais sutis do que esse seu exército 
de desdém construído 
como armadura 
é que preciso ser levada a outro lugar 
menos formal 
onde possa ficar 
tão nua e sua 
quanto as letras soltas endeusadas 
em um papel inerte 
e possa sambar junto ao ritmo de 
suas
veias 
agressivas 
saltando do corpo 
até que o coração nos recorde 
que a poesia 
tem nome 
mas 
as vagas estão lotadas 
e os vagões 
enquanto nós vagamos vazios 

se não me levasse
tão a sério 
eu diria que te levo também 

4 comentários:

  1. o que você faz com a poesia, com as palavras, é pecado, gyzelle.
    é tudo tão bom que realmente não sei o que te dizer.

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  2. Ser livre no outro. Fico sempre sem palavras ao te ler, e é bom.

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  3. Muito raramente não te levar a sério, seria uma opção. Tua poesia me leva pra passear contigo, me faz um personagem coadjuvante, desses que voam pelas as letras e querem sentir o tom por detrás delas, sempre procurando um tesouro e achando na beleza final de cada frase que teu verso completa. Eu já disse que amo todas as palavras em ti, e é verdade, porque te ler me enche de alegrias
    Abraço e boa semana.

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