sábado, 6 de setembro de 2014

Escrevendo sobre a saudade

Faz um frio de quase nevar, mas não reclamaria da neve - leva a cor da sua pele
Eu só reclamo das olheiras, desses discos tristes, do par único de sapatos ao lado
Reclamo do incenso apagado porque você levou o cigarro e o isqueiro
Nesse frio de inverno no Rio de Janeiro, o cristo quase se encolhe
As moças viram santas com seus casacos, botas e lenços da moda
Eu estaria escrevendo a minha tese, pintando as unhas de preto fosco, lavando a maquiagem de outros carnavais do rosto. Não quero mais ficar na janela à espera da primavera só para poder te ver passar. Preciso te rimar agora, na sala, no quarto
ou na varanda onde pintaríamos tantos quadros no céu de agosto
A saudade ocupou o seu lugar na cama, no guarda-roupas e nas poesias
Você teme o fato de eu já não estar mais sozinha?

3 comentários:

  1. Engraçado. Até na perda nós somos egoístas ou seria a tentativa de preencher o vazio por fora?

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  2. Sei lá, você me faz visualizar uma solidão mais intensa do que antes. Como se um minuto com alguém fosse bom, mas você diz não. A gente pode amar contradição, eu amo.
    Saudações
    Ney

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  3. "Não quero mais ficar na janela à espera da primavera só para poder te ver passar."

    Ah, cada ponto final é um suspiro...

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