sábado, 20 de setembro de 2014

Essa solidão só o verão cura

Eu,
dona de um nome e uma face que traem
e condenam o que serei ao cárcere do que sou,
quase poetisa e inteiramente dependente
da escrita
que por vezes me limita
e viro um risco: abismo

Eu, torta e volúvel
comparada às linhas de um diário
que suportam o peso cotidiano
do escritor
possuído pelo temor de viver
amadoramente o veterano amor

E por falar de amor
eu me declaro isenta de culpa
se amar é uma constante luta
é só olhar as marcas de espadas cravadas
nas laterais
do meu sorriso
no brilho já extinto
e no olhos tão perdidos no fosco dilema pessoal

Pertenço ao vazio sideral
e nada é mais infeliz
do que ouvir a tempestade gritar por piedade
em todo bairro da saudade
enquanto escrevo
a solidão
me ferindo suave

2 comentários:

  1. A solidão é necessária. A minha (ou eu que sou dela) finge ser silêncio, mas grita para que perceba o motivo de nela estar.
    ( Adorei o título ).

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  2. o verão é sozinho por excelência. precisa de mais uma andorinha pra fazê-lo.
    a solidão é sim, mas tbm é não.

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