quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

hoje o temporal é um anúncio de choro em depósito no poema

previsão do tempo:
eu vou te ferir com palavras
e você vai me magoar com atitudes
o sol crescerá acima da cabeça
e as bebidas consumidas em dobro
não vão satisfazer nossa sede
mas a noite surgirá tão bela
que remediará qualquer enfermidade
ou desgosto estocado
e num sussurro levemente triste
vai nos convidar pra rua
ficarei nua
na cama no banco no papel em branco
tocando tambor com os pés no chão
soluçando de ódio
exclamando supostas loucuras
transando com o diálogo ausente
que permanece velado em nossas bocas
com gosto sutil de maresia
o sol reapareceria ainda maior
dia após dia
anunciando que a previsão
de chuva
é culpa do tempo nublado 
dos olhos
e saberíamos
que o medo da tempestade
é alegoria pro carnaval antecipado
de corações eufóricos
fugindo em marcha
transpirando
o mundo terá de assistir calado
nosso suor ensandecido
desfilando pelo corpo em fúria
enquanto a contusão implícita
mapearia o desapego
mesmo que tudo só seja um pesadelo
e as nuvens em luto não queiram chorar

2 comentários:

  1. E então a chuva traz amor ácido outra vez.

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  2. Eu penso que não perderia nem um momento na televisão se fosse a moça do tempo, como não perco tuas postagens. Sentir o prazer que tua poesia tem, é tão bom quanto musica.

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