segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

poesia de ônibus rumo ao sul de algum lugar

Eu continuo alheia à tudo
Mesmo possuindo esse chão 
que me impulsiona 
a seguir em frente com esse pés que eu odeio
Eu sei, tenho que amar o meu corpo mas pra mim 
o amor é uma espécie de aberração que 
se esconde 
em algum espaço aqui dentro
Talvez em algum lugar que eu já tenha ido
durante as intermináveis 
fugas que faço sem sair de casa
Não durmo direito a quase duas semanas 
e há aqueles que acham que tudo isso é culpa 
da nova medicação que realmente 
destrói meu apetite 
Mas tenho fome
Estou faminta, oh céus
Por que não caibo nesse azul?
São tantos quilômetros esmagando 
meus pulmões contra carteiras de cigarro 
e só preciso tê-lo nas mãos 
Eu vivo de metáforas 
E tenho suspeitas de que nem saiba o que é viver, mas estou aqui dentro de um ônibus me levando ao sul de alguma cidade alagada por mares brandos
Será que essa cidade é mais triste e banhada por água salgada do que os meus olhos? Do que a nossa história ainda prematura? Possuo incrédula um sarau de perguntas que ninguém além do tempo pode responder 



4 comentários:

  1. Às vezes tudo parece realmente confuso pra nós e é bom expressar isso em poemas... Aprecio bastante seus escritos. Só toma cuidado pra não negar amor a si mesma; é um crime dos grandes. Besos.

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  2. Gyzelle, você dói de uma maneira assustadoramente bela.

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  3. O primeiro verso me é familiar, purpleheart. ouvi ele em algumas tentativas. auhauhauahau

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  4. "Talvez em algum lugar que eu já tenha ido
    durante as intermináveis
    fugas que faço sem sair de casa"
    acho que os teus versos são os melhores que já li na vida...

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