segunda-feira, 11 de março de 2013

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Heis que agora você não passa de matéria inorgânica que fede e quando sinto teu cheiro a ânsia vem direto de minhas entranhas mais sensíveis. Você que andava tão imponente e que ficava a esnobar amores, hoje chora por dores, curvado a carregar nas costas a vida que você mesmo traçou. Você e eu que fomos nós agora não passamos de conta algébrica errada, feita por aquele aluno que nunca estudou. Somos o confronto do alienado e o consciente, aliás, não existe mais o nós, existe eu e você, homem sujo. Suas mãos macias tocaram meu rosto e com as mesmas você machucou, são aquelas que o trairão para um futuro ainda mais destrutivo. Eu não desejo a você um fim, quero assisti-lo agonizando todas as dores que causou, entrevado em uma cama de hospital público, onde várias vezes você me deixou.

2 comentários:

  1. Olá nobre poetiza, sua personagem vive um momento de muitos ressentimentos, e isto a faz amarga e melancólica, por tanto rancorosa, desejando ao seu desafeto o pior dos fins que pode passar um ser humano, Parabéns pelo seu contundente poema, um grande abraço, MJ.

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  2. O que a fez amarga foi justamente o companheiro e em meio de tanta amargura ela montou um altar de ódio, onde uma flor não consegue penetrar. Essa prosa é a verdade de uma infinidade absurda de mulheres, infelizmente.

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