quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

o corpo socado no canto do mundo


depois de todos os descuidos

meu corpo ainda diz que me ama.

talvez por pedir desculpas por tudo

fui assumindo as culpas

já me era incapaz de assumir

que as dores do mundo não são minhas.

quando mal procuro escrever

como absolvição

em qualquer canto do mundo,

quis escrever a pai que todo cuidado

é pouco e

à mãe que todo amor do mundo

é pouco,

eles sabem

a culpa não é nossa,

mas unimos nossas mãos como culpados.

o sentimento na palma das mãos, culpados.

è talvez por isso que recebo castigo divino,

por carinho.

como Clarice, escrevo para salvar

talvez a mim mesma.

minha esperança chora devagar

junto ao céu.

como me dói o soco do mar.

Como me é profundo mergulhar.

a infância tranquila no corpo

fé e absolvição

somos cúmplices

desses carinhos

que são dados com os punhos das mãos.

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