quinta-feira, 13 de abril de 2017

Quase não tenho você em mim

Ainda fumo aos fins de semana e falo sacanagens em voz alta sem tremer os puritanos. Você permanece na minha lista de chamadas perdidas. Eu perdi a nitidez que existia em meus olhos de indecisão e lembro de seus lábios ainda úmidos de saciar vontades que nunca serão minhas. Não te quero nesse precipício que insisto em exibir e se te coloco em minhas poesias é pra amenizar a queda de tantas primaveras hostis. Não peço carona em seu peito vadio porque a viagem é longa demais e essa rua não tem saída, sabe. São muros e concretos tão frios que hoje o inverno me dá boa noite antes de amanhecer seus olhos calados novamente. O cheiro da outra te trará saudade de casa mas não tem como voltar porque você cresceu demais. Ao longe ainda ouço os pássaros que fotografei pra te mostrar uma manhã sonâmbula e sem querer ensinei a partir apenas com o remorso no bolso por não ter feito morada em mim. Há um pedaço do céu que eu te doei e agora o café grita no fogão implorando para não doer tão cedo assim.

(2015)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Desde 2015 arrancando meu ar.

    Desde muito antes disse vivendo em poesia.

    É tão triste que chega a ser lindo.

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