segunda-feira, 22 de abril de 2019

civilização

há um homem que torce os dedos finos fios de aço debruço enfeita o chão monumentos da terra pelas mãos do homem a essa hora o vão do metrô bambeia e da porta o dia percebe o caminhão de pessoas embotadas de civilidade há uma moça que pára para abotoar o sapato levemente olha para os dedos do homem e torce a cabeça
o barulho da sirene afoba o barulho dos sapatos na terra a serpente segura com as lâminas à boca uma pedra esverdeante o relógio dorme os braços peludos senhor de óculos armados a sirene se afasta poderia ouvir a moça ir embora me pergunto até quanto vale o seu sorriso e ofereço um cigarro
da varanda o cachorro molhado se esfrega na toalha as cores das pedras são nomes líndissimos a tosse embarga o som do motorista as flores são vendidas em lojas de flores parece que o tempo acabou primeiro conosco a mosca aparece à noite em cima do café da manhã parece que nem o céu quis se abrir há dias que o dia amanheceu faz muito frio quando faz frio as calçadas foram asfaltadas

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