o peso da sua solidão 
me enverga o pescoço 
o carrego nas costas 
como diz Jesus 
ter conduzido a cruz 
em meio aos dedos em brasa
descartável dentro do cinzeiro
sobrecarregado de alheios amores
a cada olhar malícia
que me lacra 
cartas guardadas
cartas guardadas
em bolsos pequenos 
para ninguém descobrir 
contarei aos seus vizinhos
contarei aos seus vizinhos
das viagens que não fizemos 
e vou socar a sua porta
e vou socar a sua porta
eu vou roubar as declarações de amor
e assinar o seu nome
e assinar o seu nome
por sinal estou apaixonada 
e picharei na quina dos correios
nossas iniciais
assim eu vejo se você me nota
ao entregar as cartas
assim eu vejo se você me nota
ao entregar as cartas
[2013]
Nenhum comentário:
Postar um comentário