quarta-feira, 25 de julho de 2018

1.

Faz dias que eu não meço as horas, estou aguardando teu sonho chegar. Te escrevo enquanto te miro os olhos largados, desde que te vejo que é motivo para contar uma história. Essa é sua, por mais que em algum momento tenha de desviar, será seu corpo deitado sob as palavras.

Foi quando lembrei do teu grito, nunca tinha visto igual desespero igual o teu, então fiquei paralisada de temer que te acontecesse o grito por dentro maior, tremi de deixar escorrer água, foi então que constatei, pois já descobrira desde muito nova, que tu era força maior do que a voz. E tua voz alcançava muros, corpos, avenidas e até o coração sentia que pulsava mais quando ouvia teu tom, era de parar multidões, e levantar também.

Deito à tua cama como quem alcança a paz. Sorrateira descubro um canto para aconchegar o meu corpo, não nos permito a distancia por puro carinho, e descubro sentir quentura por tua presença, procuro dormir mas te ouço contar histórias. Sei da tua chegada, mas quando durmo sob teus pés, acredito que nunca partirá de mim. É desse lugar, mais seu do que meu, que eu gosto de chamar de amor. Amor simples, feito fazer arroz lavado, mas imagina por tuas mãos.

Sei do teu sonho alcançado. Sei da tua chegada. Quando a gente juntou as mãos no terraço soube que teu sono era bondoso com teu mundo, naquele momento quis fechar os olhos e sonhar também, para sempre.

E o que a gente faz quando fica partido? Muitas coisas ficaram, mas e as outra? E o que são essas coisas que ficam na gente, e o que são as outras, não sei mas porque sinto mais que muito se fragmentou e não sei se partiu ou ficou, agora eu só sinto que sou parte dessa história.

Lembro do seu cabelo da cor de uma Lua cheia, de como você dança sorrindo com tudo, do teu traço no meu vestido eu tenho a cor a sua medida, até onde nós vamos, você nos pergunta, e eu diria juntas.

2.

Nenhum comentário:

Postar um comentário