sábado, 28 de novembro de 2015

Baby, metade disso é pra te ter inteiro

quando deixei você partiu
calçado em chinelos azuis
maiores do que os pés
com as mãos fora dos
bolsos da calça fedida
eu sabia do ato masoquista

seus passos roçavam
sonsos aos roncos
minha barriga fazia
seja larica
ou fome de engolir
sua partida

queria apagar os rastros
e afagar a palma suada
de suas mãos libertas
até que a despedida
sumisse no ritmo
da minha poesia

a garoa caía
dos olhos da nuvem
os carros corriam
o preço do dólar
subia sumia

e o arrastar da sola
no chão de cimento doía 
você sabia
então fazia dessa cena
uma terapia

o dia te acompanhava
aquele tilintar das chaves
e o vento empurrando a porta
só você não nota
os danos dessa partida
é que eu também
fico partida

um dois três quatro
era assim que você me dizia
"Baby, os danos são inevitáveis"
a ferida cria casquinha
depois do quinto dia 

Um comentário:

  1. o blog não seria a mesma coisa sem teus versos esquizofrênicos. de verdade. eu não seria a mesma se não precisasse te ler periodicamente.
    teu amor me machuca, também.

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