domingo, 2 de dezembro de 2012

Réquiem teatral

Como de clichê o céu era um borrão cinzento,
Lama das estrelas.
As flores campestres se diluviando
Por entre meus dedos,
Queriam escapar daquele tristonho fim.

Tocava um lúgubre réquiem
Tão afoito e desajeitado quanto a platéia,
Fazendo uma litúrgica homenagem ensaiada.

Olhos - mãos - barriga - corpo, a tremer
Um coração estático,
Certeza de que não irá mais agonizar.

Falsas lágrimas a rolar de órbitas profundas,
Apodrecidas orações ao cadáver,
Alívio pela vida,
Lamentos pela morte.

Quando viva a pobre alma amada não foi
Hoje, estagnada, é fortemente idolatrada
Mofina beleza que foi deixava.
Em vida morria de fome para perder gordura,
Enfim caveira, oh! Formosura.

Todos de preto lamentando o respeito à mortícia
Eu, de vermelho, a contemplar o meu amor
Funéreo romance,
Seu pálido rosto me deixou absorto.
A lápide em chamas borbulha, era alérgica a flores
Ela é minha rainha, veja a sua coroa!

O caixão desfila, deslumbrante
Perfeitamente envernizado
O show da agonia finalmente chega ao fim
Estou distante dela, cravada ao chão como planta
Com o término que sempre almejou:
És flor

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