quinta-feira, 19 de setembro de 2024

minibio

Poeta, professora e pesquisadora. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade (Letras - PPGLCC) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Mestra em Letras no PPGLCC e graduada em Letras-Licenciatura pela PUC-Rio. Atualmente, realiza pesquisas com arquivos pessoais no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa, dedica-se aos estudos de literatura brasileira e produções poéticas. Autora de Amante (2019) e O que fizemos das nossas delicadezas (2021).

terça-feira, 10 de setembro de 2024

vida, vida

Amanhã, logo mais, me determinei a sanar todas as dívidas. Estou no colo da sombra. Ontem não podia diferenciar um objeto direto e indireto. Me desculpo por soar tão imatura a essa hora do percurso. Antes de imaginar queimar os álbuns, os penso deslizando nos cenários impróprios. Vida, vida. O que me aguarda se não a véspera de uma despedida? 

10/09/24 

adeus, aurora

Amanhã opero os meus olhos. Ver de novo. Mover o vulto. Reflexões. Escuto a ressonância da noite. O meu olhar silente. Nos dias seguintes, ficarei impelida de ter enxergar. Me imagino despelada. Ouvir-te até cauterizar o silêncio. Silêncio de pássaro mudo. Mas ouço comovida as tuas patas indecentes à firmeza indiscreta dos aços. Dos dias sem sintomas de claridade. Adeus, aurora. 

10/09/24 


domingo, 1 de setembro de 2024

10-09-24

Os bichos da luz retornaram. Estão desvairados pela sala, entorno da lâmpada amarela. Tenho as pastas de Walmir Ayala em minhas mãos. Elas escapam e me cruzam. Fazem o sinal da cruz na mesa. Monto um atlas, percorro a sala de consultas. Luzes sem bichos em volta. Na sexta conheci o pai dele. Meu coração não me manda nenhuma luz, mas o sinto queimar como as asas translucidas dos bichos que esbarram no colar da lâmpada amarela. Minha voz é o som das cinzas encrespadas.