terça-feira, 2 de janeiro de 2024

mãos e armas

resguardar nas dobras das mãos
o cheiro orfão da violência, 
antes da meia-noite, escuro, 
escuto o coro dos eufóricos 
pela virada do século.

os santos e os vândalos 
ainda que mudos nos espreitam
com réstias de pólvoras nos cantos
das bocas.

repleto de uma mágoa ainda não 
localizada – não sei se esconde 
no meu bolso ou no meu umbigo – 

agarrado pelo pescoço estouro 
uma garrafa de champanhe
da pior qualidade, 
espumo o meu rosto. 
as nossas mãos são armas. 

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