quinta-feira, 20 de maio de 2021

Regresso ao estado originário da minha fantasia

Percorro o jornal da manhã. Vejo o rosto do passado, do meu primeiro carnaval, nos rostos daquelas figuras das páginas. Embora diferente das cores e das serpentinas agitadas, são as pessoas - mascaradas - que vagam pelas cinzas da cidade pasma. Desejo o sítio por mim criado no tempo em que com os olhos escrevia marchinhas para o mundo, lugar no qual eu enterrei a minha bicicleta e o meu semblante solto. Atualmente pedalo com os dedos nos papéis e espero com cuidado a liberdade, essa danada que se despediu com o primeiro sorriso pela manhã. Hoje, todavia, a vontade de sair se manifesta. Marcho com os dedos, inquieta a minha crônica desfila em festa, lá no fundo alvoroçado da memória a folia regressa e me sorri: o carnaval se faz é na rua do corpo das palavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário