sábado, 20 de junho de 2020

o rei quer a minha cabeça

o rei do mundo cagou na minha cabeça 
antes que puxasse os papéis 
e me pusesse a discursar, 
antes da rua vazia me esvaziar 
ainda mais, em pleno mormaço, 
quando os olhos ficam nublados
do nervosismo da minha posição 
aqui de baixo, os olhos em contato 
com o reflexo das vidraças 
da cidade vidrada em si mesma,
recolhida e distanciada, e eu 
ainda pude contar o tempo até
que chegasse aqui, nesse lugar de
permanência do rei,

 

engatinhando 
decidi que revelaria a minha glória, 
meu desprezo, meu pavor pelos reis 
agora eu decido se o que chamo 
de vencido é o meu semblante indiscreto
e abandonado no meio da cidade 
- que parou de me ignorar, - se chamo 
por vencido o rei que agora escolhe 
outro trono para cagar 

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