quarta-feira, 3 de junho de 2020

Amante

Amo a ti como quem despista 
os mosquitos da sopa 
e esquento o sofá 
Amo distraído 
Amo a fragilidade do seu amor desafinado
e tantas coisas não descobertas 
o bolo de laranja em cima do fogão 
exposto 
troco as fronhas 
procuro o controle 
e não há nada mais colorido
do que o reflexo do seu corpo 
No retrovisor 
eu vejo à distancia 
a rua em seu perfume incorporado 
a longevidade do pulmão 
ao caminhar no meio-fio do meu rosto
Amo a postura dos seus caninos 
e o frescor de outros carnavais 
serpenteados nos sapatos cinzas 
Amo o que ainda nem sei amar 
mas ainda assim descubro um ângulo 



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