quarta-feira, 4 de setembro de 2019

não somos apenas quem somos

teu descanso incontrolável
e o túmulo das heroínas
descampadas as minúsculas 
erguidas na delicadeza das flores
tu contempla só de cheiro
ao passar teu rosto erguido
miragem busto rebuscado
se amou foi solidão da palavra
e de gesto o amor te pisa e te afaga
assim soariam a teus ouvidos atentos
mensagens de maresia e concha
primavera calculada à desordem
caberia teu sopro e as lamentações
finda tarde quando recordar
o tempo e a ventania esqueceu de mover
teus cabelos escovados com rancor
é que o passado ainda retorna
como um filme programação remota
e os teus olhos de atenção ilustre
embaçadas transtornadas projeções
não somos apenas quem somos

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