sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Aguardo

saudade
sambou
no meu peito
como se fosse tiroteio
no Humaitá
quase engoliu minha voz
meu seio em luto
as cópias das chaves e o barulho
de pés no tumulto

bateu
uma onda
de saudade
e dizem que está perdido
na cidade
o sonho
a fome
aquela vontade de apertar
os passos
aferrolhar as portas
queimar a ponta no jantar

saudade escorreu pelo
rosto pálido
viscosa
e grudou no cabelo
me arranhou as costas
assinando as poesias ágeis como bala perdida
achada
esquecida

a saudade ganhou sentido
foi traduzida
tragada
mantida na boca
no verso e na ardência da ferida acompanhando
os batuques do samba no bairro
Humaitá

quando você vai embora?

7 comentários:

  1. "saudade
    sambou
    no meu peito
    como se fosse tiroteio"

    Essa saudade que mata e ressuscita, ao mesmo tempo.

    Parabéns pelas formidáveis palavras!

    ResponderExcluir
  2. Já disseram que : " saudade não tem idade" deve ser por isso que todos sentem, mas amor não, amor tem data de validade. Por isso
    eu não vou amar teus poemas eternamente, só enquanto meu espirito é energia e minha mente,sente.
    Um bom domingo.

    ResponderExcluir
  3. Teus poemas, são como ave maria e pai nosso, gosto de rezar teus poemas,porque tem carne e vivência, tem sangue de deuses em tuas veias interplanetárias Eu gosto de quando tu sorri pra mim,como agora ...

    ResponderExcluir
  4. Olá, Gyselle
    Essa saudade viscosa que gruda, arranha e samba no peito da gente, quando vem e se instala, nunca mais vai embora.
    bj amg

    ResponderExcluir
  5. Samba morena
    Morena?
    Samba serena
    Que saudade
    nesses dias
    corridos
    atira para todos
    os lados
    da cidade.

    ResponderExcluir
  6. Não tá apenas bom, tá muito bom. Manda mais!

    ResponderExcluir