sexta-feira, 5 de abril de 2024

peixes e feixes

guardei um poema nas dobras de dentro 
do blazer que você despojou sob
a coluna da cadeira,

o poema dizia úmido sobre o seu beijo
dentro da noite estrelada entre 
os furinhos da rede,

balbuciei com os dedos versos
que eu obtinha no cós dos ombros 
entre os lençóis do quarto entreaberto, 

o meu rosto entre 
os feixes das velas entre 
as taças de um vinho verde,

o seu rosto entre 
os peixes da Guanabara
flutuava, entre sonos

o meu coração, ainda que mais acordado 
do que as buzinas dos carros, se abriu – 

à porta do sonho por debaixo da dobra 
de dentro do poema que eu te trouxe à casa. 

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