quinta-feira, 15 de abril de 2021

Nos fundos o som da flauta

a casa 
permanece imóvel 
algo está suspenso
não há o que dizer 
da alegria hospedeira 
no resto da outra janela 

se os vizinhos 
decidem se jogar
o menino flautista 
da cobertura 
toca a marcha fúnebre
que por acaso é a única música
que aprendeu por morar na cobertura 

no parapeito 
uma mulherona fuma e bebe
qualquer hora do dia/noite/
permanece o recorte 
de uma revista manchada no vidro

o amor revisitou 
a nossa cama 
algo está dentro do lugar incomum 
vigio a sacada e monitoro 
o último instante 
em que os pés 
estiveram ao chão 

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