domingo, 18 de outubro de 2020

Em memória

a corrosão dos olhos dela invadiram 
o meu papel no mundo, adorá-la 
e esquecê-la, assim vivo em equilibrio
imperfeito; 

assim como diriam os leitores 
de mãos, as linhas não mentem

mas adorá-la eu conseguia no simples gesto
de pensar, mas esquecê-la, para isso era
preciso agir; 

eu me enganava se pensava
em pensar em esquecê-la, duas, três 
ou mais vezes 

tinha de usar a minha cabeça 
para outra função e assim
chegar a algum resultado semelhante

satisfeita eu só seria se tivesse de lembrar 
de não esquecer de adorá-la, 

desse modo
eu não precisaria pensar 
em outra coisa: 

ela e os seus olhos corroídos
mais nítidos soam (na minha memória) 

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