domingo, 15 de março de 2020

Glória

estive no colo de América
quis narrar meu sono
há muito não durmo e falo sozinha
estive pensando que a tristeza,
grande folia dos desgraçados,
soa nos lábios dela como uma sirene 
vermelha, brilhando, ela vestida 
e uniformizada, a noite brincando 
de levá-la para casa mais cedo 
quando que esperaríamos 
chamar algum lugar de casa?
eu de pé vejo que a nossa grandeza 
se retrai quando os braços abertos 
desaguam das casas seus choro
por toda brecha, por toda a festa 
brindada com sal e ferida 
o colo que me acostumou 
a dormir na melhor hora do sonho 
enquanto lá fora silêncio desocupado
faz mais palavras, ruídos de
seus olhos ruínas tortas, 
quando que estaríamos dispostas 
a abandonar o terreno, lama 
e Glória, quando se fizesse 
mais amor do que versos?  

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