segunda-feira, 18 de março de 2019

Devo te escrever uma música
ouvi falar que gostasse de poema 
de canto atravessado pela boca 

pela manhã sinto-nos
expostos em lápide 
bem detrás das madeiras na janela 
no portal da tua cama 

eu vi o sol raiar pelas frestas 
de algum lugar entre nós 
e as rachaduras do colchão 

devo ter esquecido 
que a solidez levaria para casa 
os bêbados e os sonâmbulos 
enquanto lembrava de acordar 

ainda sinto um cheiro indiscreto
por mais que não lembre teu gosto 
me pergunto qual teu nome? 

mas vejo derramar licor dos olhos
que crispam de alegoria? 
como se a madrugada 
tivesse espantado a quinta da rua 
e o sol deitado a repousar 

devo te ouvir o ronco e criar melodia 
Antes que cesse teu sono 
e decidas acordar 

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