Oh se estamos tão cansados
(no intervalo das programações)
a vida vai arrastando 
de trás pra dentro
enfiando tudo 
de uma só vez 
pra ver se nos cabe
E assim 
como por acaso
o sol surge 
timidamente nítido
o suor acompanha 
o punho 
e o rosto côncavo 
inclina-se pra fora 
Então os mares 
em revolta 
vingam as ressacas
os bondes passam
a nuvem treme
quase esquecemos da morte 
Mas estamos cansados 
e o corpo cobra
as contas cobram
os telefonemas
as transmissões, 
mas é isso 
a gente 
tenta tanto 
e sente muito 
novamente
No entanto, 
costumamos brindar 
o fim do dia 
de alguma forma
o corpo paira
os olhos indicam escuridão 
As notícias notam 
a gente distraído
fora as outras vozes 
tomando posse 
de uma manifestação
tudo entorno decrescendo 
das falências institucionais
Ainda falaram 
sobre a banalidade 
do poema 
no mundo 
como quem decerto 
despreza o mundo 
Ah se estamos 
tão cansados 
mas o dia quase 
como um sonho (acorda) 
O sono não salva e os sonhos não seguem.E a gente permanece protestando contra o tempo que vende sem possuir, correndo contra algo infinitamente mais rápido que nós. Muito poderia ser dito sobre seu poema que denuncia a dissolução do corpo em uma corrida sem destino, mas tudo já foi muito bem colocado. Muito, muito forte mesmo. Versos necessários.
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