domingo, 16 de outubro de 2016

homens sós no canto do quarto
e no peito há uma planície de decretos
no meio fio da gilete você me encara
como uma cena de filme pornô
enquanto se ouve o gozo da terra num sopro
na falha entre dois olhos se debatendo

assim como asa de borboleta
assim eu fico meio atordoada
se faz mover meus dedos com rapidez
no desamparo da borda
de uma carta ainda não escrita

não é que tenha desistido das cartas
sabendo da inquietude das palavras
e do escasso consolo do seu semblante

é que você existe como uma silhueta
em recordações banais
nos instantes de blackout
você é um homem sol sem brilho
e o calor não faz tão mal não me aquece
não me esquenta

a solidão te veste bem

3 comentários:

  1. Manter o rapaz só talvez seja aquilo que preserva sua poesia sempre desnuda e fluidamente atordoada de voo de borboleta!

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  2. É que todos existem como anonimos e amam o que tua poesia faz por nós. Sem que tu percebas alguma coisa tua, vive em nós.

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  3. Tempos de sol frio isso soa diferente, novo como o amor morno e vice versa.
    Gostei. Boa semana.

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