sábado, 13 de junho de 2015

amoras

Eu que nunca antes havia provado o gosto de amora, descobri o amor escondido dentro do caldo que saía da fruta e dos lábios e de versos vadios. Quase encontrei refletido no muro branco de cal a luz verídica do sol que vinha de uma manhã afobada pra acordar e me acender queimando um pedacinho do pé. Quase despertei mas é inútil acompanhar a passos o tempo e os novos ônibus de janelas trancadas espalhados pela cidade. Quisera uma borboleta fizesse lar na minha mão e do meu corpo houvesse língua que quisesse ler em braile um versículo obsceno. Desculpa a cena. Preferiria ser revelada como um artigo sem letras mas também não possuo números ou código que me abram as pernas antes de uns tragos de resignação. A minha pele é o caminho dos amores que deixei na rua junto aos versos em guardanapos úmidos e preferiria não lembrar do carteiro indo rumo à longe daqui levando as cartas do meu armário num ônibus com ar condicionado.
Logo as cartas sem rumo...

Eu que nunca amei
acho que encontrei na amora o amor.

Um comentário:

  1. Que bom te ler novamente e sentir nas frases algo que me parece conhecido quando você fala sobre a sua cidade e dos ônibus. Penso que de tanto me lembrar de ti quando estou no ônibus, imaginei que quase te vi um domingo desses.
    Obrigado por me trazer de volt, o encantamento em tuas poesias.
    Abraço.

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