quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Narciso

O papel escondia a angústia que sentia 
Rabiscado de abismo,
O poeta sobre si escrevia 

Algumas vezes ele, modesto papel,  
Pagava pelos erros de uma palavra mal dita,
Logo era trocado pelo lote mais caro

A lixeira ainda frívola de versos vivia carregada 
Intragada pelo gesto de asfixia, 
Transbordava

Quem mais sofria era aquele lápis de marca
Remoto, profícuo, ligeiro 
Preso por mãos inseguras 

Tornara-se frágil, por pouco logo
Desapontava, por ser do parnasiano poeta,
O espelho narcisista  

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