quarta-feira, 15 de outubro de 2025

a primeira hora da solidão

na última noite da eternidade 
os meus cabelos colados ao vento,
como a crina de um cavalo indomado, 

você de terno de linho marrom
e a barba rubra pela luz vermelha
do albergue insone, 

os sons espetam como alfinetes 
as bordas dos corações e, dos olhos,
filetes de sombra decoram passos 

dentro de copos escorregadios
os líquidos, em brasa
ensaio o volume da minha mão
no pelo do teu braço rijo

reviso a hora, o fogo dentro da manhã
que adormecida se espreguiça
escapa-me da visão, 

seria aquela a primeira hora da solidão?