sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Pulmão plácido

Delírio. Uma inofensiva palavra
a palpitar no pulmão plácido de um rio
às margens, memória de um imaginário 
suspenso – corpo enforcado. 

O seu rosto. Uma ofensa às tardes
entre as quais o sol se esconde, você 
que surge feito uma única bicicleta
em uma ciclovia deserta, inclinado. 

Você. Que se esquiva das palavras,
das imagens, desprevenidas. 
Como se fosse breve o tempo dentro 
de uma rima, porventura, desinibida.  

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