sexta-feira, 2 de setembro de 2022

uma fotografia

Fora delírio. Uma inofensiva palavra
a palpitar no pulmão seco de um rio
às margens, a memória de uma imagem
supensa como um corpo enforcado. 

O seu rosto. Uma ofensa às tardes
em que o sol se esconde, você 
que surge feito uma única bicicleta
em uma ciclovia deserta, desabitado. 

Você. Que se esquiva das palavras,
das imagens, desprevenido. Como se fosse 
breve o tempo dentro de um poema,
porventura um delirar desinibido. 

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