estou sobria 
boa parte do tempo
tenho de dizer isso 
para que acreditem 
nas minhas palavras 
sóbria e vivída 
para que acreditem
que olho o mundo 
com a pureza de quando desvendei 
os olhos 
estou sóbria 
como uma criança
que chora por leite 
e uma cabra por tetas 
tão sobria
que decido 
abandonar a sanidade 
no leito da cama 
e decido dormir 
para que acreditem
que descanso 
nos ombros de uma pomba
na sombra do frescor
das noites abafadas
de um verão carioca
decido o fim do poema
por sobriedade apenas 
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