sexta-feira, 13 de junho de 2025

A pedra da loucura

Vou extrair meu amor
A pedra da loucura
Dizia Pizarnik com um poema nas mãos 

Vou extrair meu amor 
O poema louco
Que nas linhas das mãos eu te lanço 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

São Paulo

embaralho a minha língua 

na língua furiosa de um são paulino

que de santo nem o pau, nem a sanidade 


a cidade nos entra com toda a tua grandeza

a tua grandeza me parece o viaduto 

que eu cruzo


a minha febre de desejo 

se confunde com a saudade 

que eu cruze a Ipiranga 

que na boca dele eu grite Liberdade 

segunda-feira, 2 de junho de 2025

carícia de quem ama

tudo o que eu te escrever
será difícil de traduzir 

um poema difícil 
é o que você me diz
para fazer. sem palavras. 

um poema sem rodeios
jogos ou enganos 

um poema tão simples 
que seria impossível traduzi-lo
com as palavras deste mundo.

um poema com as mãos 
o gesto único da carícia de quem ama. 

domingo, 25 de maio de 2025

minibio

Gyzelle Góes é poeta, pesquisadora e professora. Mestra e licenciada pela PUC-Rio, onde também é doutoranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade. Dedica-se à pesquisa de arquivos literários no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa e atua nas áreas de Literatura Brasileira e Crítica de Arquivo. 

domingo, 11 de maio de 2025

Desejo, o lastro

Oh, desejo 
como queria ser o anel
do teu terceiro dedo,
margem do teu manuscrito,
folha dependurada no teu ouvido. 

Desejo, se tu em uma palavra 
me arrancasse a palavra, 
em ti o mar descansaria
o meu seio e me deleitaria 
da espuma do teu mastro. 

Fiel, desejo inscrito, se em ti 
eu me apropriasse do lampejo, 
não mais desejaria em nós
a não ser o próprio anseio! 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Furians

Nós, nus, desertos 
Os inversos se escaldariam diante 
de nós, nus. Desertos

Deste ângulo obtuso, contudo,
Penso que eu me encaixaria 
em teus quadris 

Viris, teus gestos. 
O modo como você sorri. 
Para mim, um novo verso.

domingo, 20 de abril de 2025