quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
alguma forma nenhuma
Zeus e o sol
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
Wilston
sábado, 16 de dezembro de 2023
no centro o peso do coração
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
a terra a nos fritar em seu fim
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
de lince
domingo, 10 de dezembro de 2023
como se eu criasse um novo lugar para viver
estou em queda por você
embora sejamos detalhes da língua
quando caio, crio planetas
poderíamos morar lá (neles)
sem alugar espaços: dois penetras
penetrando o espaço o espaço
entre nós seria uma metáfora
a meta do espaço e nós descalços
quando te vejo eu sinto
como se...
os planetas estivessem alinhados
costurados, rasganhos, desgrenhados,
surrados, suturados, sarrados, usurpados,
surrupiados, chupados, chipados, chapados,
sonegados, soterrados, soterrados,
surtados, salpicados, sombreados,
som, som, som som
o que você faz em mim me faz sentir
como se...
sábado, 9 de dezembro de 2023
para secar dos teus olhos as lágrimas
na hora do adeus
quarta-feira, 6 de dezembro de 2023
Sobre o planeta não estar maduro para a alegria
segunda-feira, 4 de dezembro de 2023
um castelo no mar
4.12.23
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
às 03:54 de segunda-feira
terça-feira, 21 de novembro de 2023
mulheres e caranguejos
sábado, 18 de novembro de 2023
memória de um corpo
quinta-feira, 2 de novembro de 2023
morte-vida
segunda-feira, 30 de outubro de 2023
epitáfio
sábado, 28 de outubro de 2023
quinze
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
Vestida de gala
sexta-feira, 20 de outubro de 2023
Pulmão plácido
ficção-morte
terça-feira, 17 de outubro de 2023
negativo
uma caixa disse sim a outra
encaixe
o que fizemos das nossas cinzas
segunda-feira, 16 de outubro de 2023
gota de pólen
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
cruz
segunda-feira, 9 de outubro de 2023
outubro
domingo, 1 de outubro de 2023
molduras
com merlot na taça
na memória teu estrago
você me questiona se quer
que eu te leve à casa
eu digo, meu amor
eu estou no controle
várias molduras na sala
mas por que a tua foto
não está comigo
era tudo o que eu queria esta noite
tudo conspira a favor de nós
tudo conspira contra nós
e eu inspiro pelo teu encaixe
dentro da noite você se despede
você me pergunta
se eu já estou pronta
e eu sorrio e acho que você já sabe
a resposta
você sabe e eu sei que eu sei
mas as vezes eu até duvido
mas você sabe
que até você duvida
mas você sabe e eu sei que eu sei
sem merlot dentro da taça
e em breve você voltará para casa
mas você sabe e eu sei
as nossas fotos
não se encaixariam
nas molduras
terça-feira, 26 de setembro de 2023
coca-cola
sábado, 23 de setembro de 2023
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
um milagre
sexta-feira, 15 de setembro de 2023
Moebius
domingo, 10 de setembro de 2023
a busca pelo retrato
terça-feira, 5 de setembro de 2023
geometria do sol
segunda-feira, 4 de setembro de 2023
CAIXA DE FÓSFOROS
A
memória do fogo. Antes do pó – ou da ferrugem do corpo –, o fogo. Anterior ao
desejo, o que o nomeia – a sua chama incontornável. Do ato de comer-nos com as mãos
em brasa), faíscas. A memória não hesita ao rastro do gesto e, por mais apagada
que estivesse, persiste pela sua intensidade. A atração nos ilumina.
amar
como
sentar-se
a
lareira
contenta-te
com a
inquieta
e deformada
chama-
me
à
frente
dos
olhos
O
exercício de reunir caixas de fósforos teve início a partir do contato com o
arquivo de Foed Castro Chamma no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira, situado
na Fundação Casa de Rui Barbosa. O arquivo de Foed era intocado, abri as suas
caixas cheias de fogo da memória. Meu corpo, esta caixa que se derrete pelo
arquivo, ateou-se ao ofício de escrever poemas, labirintos. Dentro de caixas de
fósforos criar a história do fogo, o meu.
As
caixinhas são da marca Paraná, fabricadas em Irati, cidade do Foed. Ir a ti,
Foed. Eu vou ao teu encontro. Me atiro.
Penso
nesse exercício de lapidar esta memória atravessada pelo arquivo do poeta. Abro
os seus diários sem pudor, degusto o doce-amargo. Remoo as lembranças, crio
cenários, imaginários.
26
JUN 2023
O
arquivo é sempre um abismo absoluto, cego e sensível. Sempre que vou ao seu
encontro, desencontro o meu objetivo primeiro. Hoje, por exemplo, tive a
pretensão de reunir todos os diários do Foed em uma só pasta. Nessas horas os meus
olhos acariciam a paisagem. Quando me vi estava retirando grampos enferrujados
de papéis, pilhas de ementas e anotações de simpósios de filosofia ministrados
na UERJ, fiquei aflita quando vi aqueles ferros carcomidos manchando os
documentos do meu poeta. Sou zelosa quando declaro desta forma que o poeta é
meu. Mas trancado em caixas dentro de um museu, sinto que sou a sua amante.
Cuido do seu acervo como uma mulher a preservar a sua liberdade. Por detrás das
folhas, diversos desenhos que o autor em suas horas ociosas de eventos criava,
retratos de rostos avulsos, confusos, entediados. Eu me reconheci em um deles,
com o rosto compenetrado e um cigarro aceso entre os lábios. Por que você não
me escreve um poema?
Risco
um fósforo. Risco as palavras. Risco. Me arrisco no ato de fabular a memória. Meu
arquivo. Antes do pó, o fogo.
domingo, 27 de agosto de 2023
Carlos
verossimilhança
ao pó
sábado, 26 de agosto de 2023
este jardim
quinta-feira, 24 de agosto de 2023
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
e se acordei?
terça-feira, 22 de agosto de 2023
Sabes/Sabés - Idea Vilarino
sábado, 19 de agosto de 2023
ao vampiro SUL
sexta-feira, 18 de agosto de 2023
arrítmica
quarta-feira, 16 de agosto de 2023
teu nome
terça-feira, 8 de agosto de 2023
convite
sábado, 5 de agosto de 2023
diário
quinta-feira, 3 de agosto de 2023
prancha de surf
aquário
terça-feira, 1 de agosto de 2023
de duas, uma
quinta-feira, 27 de julho de 2023
Baile de Formatura
quarta-feira, 26 de julho de 2023
26 JUN 2023
26 JUN 2023
terça-feira, 25 de julho de 2023
feliz dia do escritor
quarta-feira, 19 de julho de 2023
a porta: se você estiver, eu entro por ela
quarta-feira, 12 de julho de 2023
camuflagem ou o poema por vir
sábado, 8 de julho de 2023
guardar a ti
segunda-feira, 3 de julho de 2023
um poema óbvio
quarta-feira, 28 de junho de 2023
ficção-morte
furta-me a cor do arco-íris
domingo, 25 de junho de 2023
nós e o fim de tarde
sábado, 17 de junho de 2023
Página F.
terça-feira, 13 de junho de 2023
dez e quarenta e oito
sexta-feira, 9 de junho de 2023
Diário I - O retorno do Arcanjo
Cartas a Sebastião
terça-feira, 6 de junho de 2023
Cartas a Sebastião
Caro
Sebastião,
Estive ansiosa para folhear os teus álbuns de fotografias, memórias fotográficas. As imagens dizem sobre aquilo que o tempo paralisou no instante de um instante de luz. Assim como a escrita, as fotos possuem linguagem, uma forma de dizer silenciosa, escura. E esse silêncio se estende sobre nós. No seu arquivo eu só encontrei cinco fotos, quatro delas três por quatro. É irônico, você concorda comigo? Você se revelando em 4 fotos 3x4. Relembro das suas cartas trocadas com a sua irmã Célia, ela dizia que você devia se soltar mais, descontrair, sair e deixar de ser tão retraído. Olho para a única foto da tua infância, diferente das fotografadas na fase adulta, você carrega no rosto um meio sorriso. Abraçado ao braço esquerdo, aparentemente se agarra a um ramo de flores, na mão direita um objeto não identificado, que talvez fosse um brinquedo, não, é um terço. A roupa formal, branca, nos convida à cena dos bastidores do seu batizado. Ao fundo um quintal, vazio, só você posicionado no meio do quintal da infância. De pés alinhados, o menino posa para foto, e os seus olhos – o único canto que não se deslocou.