me dói as tripas,
como me dói a vida, meu deus!
recordo a ti ninando o meu berço,
clamando por leite materno
eu te peço o peito para me encolher
sem queixas, ausente disto viscoso
o que vibra das minhas vísceras.
eu quero um colo, meu deus.
eu que me lembro de ti
nesta hora sem data, sem hora
me converto em tuas mãos
um caracol
sem cobertas,
apenas um último sono.
ii
apenas um último sono
e eu seria a menor mulher dentro
de uma cama, sem choro
sem queixas, apenas um sono
daqueles que te chamam
à meia-hora da hora sem fim,
quente como devem ser as crianças
puras, como me dói e se eu pudesse
ai, se eu pudesse! eu te entregaria
o meu corpo ainda úmida.
ai, se tu me entregasse o meu corpo
de volta! sem órgãos, sem lenço
apenas as tuas mãos mudas,
rubras, cobertas rugas e versos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário