Hoje, chegamos do arquivo, era umas sete horas da noite em ponto, depois de ler Gertrude Stein no ônibus, eu me deparei com um dos meus pesadelos: um carteiro a me encarar. Tenho pesadelos com carteiros. O que é uma ironia macabra, pois eu sou apaixonada por eles. É o amor e o ódio, fuga e encontro. Medo e desejo. Eros, volto a ti. Você me compreende de uma forma torta, eu te entorto de um jeito incompreensível. Mas serena. Os olhos do carteiro, não minto, pareciam duas pitangas. Da cor das pitangas caídas no chão de terra. E eu, resignada, pois o semáforo em frente ao meu prédio é meu inimigo número 1. Descubro a eternidade, sim, menor do que eu pensava. Não imagino coisas terríveis, mas são infalíveis. Nós atravessamos, não olho para trás, não sou louca. Entro no quarto, tiro o vestido sem olhar para trás. Olho o meu móvel, me cai a ficha, mais uma vez eu esqueci de pagar o cartão de crédito.
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