Revisito a capa de A ficção vida. Você, poeta, nascido em Pernambuco de 1935, assume a sua relação com o Rio de Janeiro, cidade para onde se mudou em 1965 e morou até a sua morte. Transeuntes no centro da cidade do Rio, cobertos pelo sol dos dias, os corpos e suas miragens. O trânsito de pessoas, de automóveis, inundados pelo cenário das ruas: “Da Avenida Central / Este é o melhor / Dos mundos incompossíveis / Domingo 07.30 PM / Prédios Dormem / Passo a toda vela / Mas fico imóvel”. Há vida passando a toda a vela, quem dorme? São os prédios acesos no centro da cidade grande. “Dentro cutias corredoras/ Róem na relva / Deslizam furtivas mas / Não são ratos / Róem o tempo todo." Dentro do poema e da cidade - as cutias, que não são ratos, mas que roem, correm, deslizam, corroem, o tempo, a Vida.
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