sábado, 16 de dezembro de 2023

no centro o peso do coração

como já dizia helder o poeta,
com todo o peso do coração no centro,
me comporto feito uma pantera 
azul tunísia a descascar as cascas 
das feridas no calcanhar 

os poemas nunca preencheram 
as cadeiras vips 
mas, há algo de tão vazio e ZIP 
na palavra e no privilégio da língua 

 – se tivéssemos cobertos de 
pêssegos em calda no gosto da língua
a lamber veludos azuis tunísia, 
estaríamos a vender poemas – 

assim, deslizo os meus tornozelos
dos grandes centros do tumultuo
da geração que jura ser a 1ª 

há um delicado humor nessa geração 
daqueles poetas que estampam 
na face rígida uma ruga de tristeza,
triste seria se não fossemos 
“o peso do coração no centro” 

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