a poesia urge como um leão perdoando a si mesmo
e as liberdades batimento confuso as rosas delicadas. verão ardido
a poesia feito sintoma
batendo
a poesia balé das asas
sorriso afobado da criança que nasceu tarde demais
o sol surgindo
a noite surtando
a poesia pré desfeita
a poesia...
tão delicada o impossível
a poesia que conheço por ser.
desconhecida
e por nós desvanecido no caso de correr o risco
a poesia feito desfazer
tudo íntimo e desmedido
é quando acorda o cisco a lágrima
o descanso merecido
a poesia abrigo
por motivos
na ausência disso ou aquilo
a poesia isto
enquanto insisto
a poesia vívido
existo
a poesia arrancando gemido enfiando
-
grito
é quando a gente deita e esquece de dormir mas sonha é lindo
quando o rosto inclinado recebe um beijo boa noite.
a poesia despedida
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
fragmento
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
Desenhando por do sol
de um vazio que parece fome,
e foi bastante até cansar poeta
em uma cidade cor-de-prata,
pouco rica
virou beija-flor, sedento e eufórico
docinho, para suportar um pôr-do-sol sem chorar
(pois o choro vinha salgado)
se desenhando e dançando por entre dedos
com bolhas de tantas tentativas incansáveis de reinventar amor
(o amor existe porém não dura mais que horas)
sobrevivendo de esmola
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
sonâmbulos
Oh se estamos tão cansados
(no intervalo das programações)
a vida vai arrastando
de trás pra dentro
enfiando tudo
de uma só vez
pra ver se nos cabe
E assim
como por acaso
o sol surge
timidamente nítido
o suor acompanha
o punho
e o rosto côncavo
inclina-se pra fora
Então os mares
em revolta
vingam as ressacas
os bondes passam
a nuvem treme
quase esquecemos da morte
Mas estamos cansados
e o corpo cobra
as contas cobram
os telefonemas
as transmissões,
mas é isso
a gente
tenta tanto
e sente muito
novamente
No entanto,
costumamos brindar
o fim do dia
de alguma forma
o corpo paira
os olhos indicam escuridão
As notícias notam
a gente distraído
fora as outras vozes
tomando posse
de uma manifestação
tudo entorno decrescendo
das falências institucionais
Ainda falaram
sobre a banalidade
do poema
no mundo
como quem decerto
despreza o mundo
Ah se estamos
tão cansados
mas o dia quase
como um sonho (acorda)
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
um tanto de prosa e sintonia
diferente
quando falo da ânsia
da gente
de tudo bem devagar
sobre os músicos
e a baderna
instalada nos televisores
e na vida remota
da gente
sobre a nova canção
que ainda não foi
pro disco
nem pro papel
mas soa
assim como se
já tivesse ritmo
e depois
nos calamos
como se o sorriso
bastasse pelas palavras
e por mais
um dia
a gente se fala
como se as novidades
surgissem dos instantes
de vida
a nos desligar
da rotina
se acertar
e que não devemos
os erros descartar
eu afirmo
sou o erro
e sorrimos novamente
como se bastasse
de palavras
é de segunda
até segunda-feira
mas o fim da semana
chega
a gente
se acaba
e trago poesia
voltamos pra cama
de literal rotina
à pedido dos pés
e rodamos
os corpos
no sentido marginal
e que a vida é
feito a gente
um pouco de tudo
um tanto banal
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
quem sabe seja só
talvez seja de mim
todas as cores
entre tantas horas
impossível denominar
a natureza é muito maior
talvez esteja falando de mim
as cores em tudo
é porque não há espaço
e os horários lotados
talvez seja hora de partir
e refiro a mim
acho que perdi a conta
das vezes que perdi
talvez seja apenas melhor
dormir e acordar no sonho
e não querer voltar
não estar aqui dentro
quem sabe de mim
e de nós
as cores diriam adeus
mas quem sabe pra quem
quem sabe o que
nós aguarda
como se tivesse
acordado de um sonho
dentro das cores
lá no fundo
talvez seja eu
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
ainda falta acontecer
fomos tão breves
e corriqueiros
supus sejamos
Instantes
dizíamos adeus
onipresente de força
que diria fraqueza
se nós
por acaso desatar
supus tanta fé
no encontro
que o banal desvio
acenando os beijos
e os anúncios da porta
nós aliados
pra onde iríamos
se corresse o tempo
à caminho do contato
percorreria a língua
os becos e ecos?
por quais destinos
nos falta buscar
para enfim a porta aberta
a fechadura entrar
e pedir pra ficar
antes da gente desandar
e se encontrar perdido
em público desvio
a voz destinaria?
fomos tão encontro
que resistia o tempo
destino do silêncio
a imprecisão das horas?
fomos tanto
que esquecemos
ainda nós falta ser
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Aurora
as cores do céu
e entornasse sobre nós
o aspecto da beleza introvertida
abri os olhos
sob o mar agitado
e rezei ao Deus
que molhava
os olhos
os pés
e inundava naquele instante
todo meu percurso
pedi ao Deus a construção
da cidade falida
dos sonhos fantasmas
as estórias demolidas
que desfalecem no tempo
das revoluções
ouvi um uivo
que tomei por ser
um recado inesperado
em plena areia macia
atentei os ouvidos ao mar
o canto ressoava
adorável de uma Deusa
distante e diante dos
olhos marejados
pedi ao céu
Me leve!
e a Deusa infinita
arrastando suas asas
de ondas
me lavou
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
O dia socando entrada como se tivesse noite saída
Fernanda
continuantes
por mim anunciado desde cedo,
e de tantas provas,
o crime arquivado em suspense
suprime meu gosto pelo roteiro
de um amor declarado.
simplesmente desisto
de ostentar motivos para as palavras
harmonizadas à teu corpo
deslizando no manto calafrio
de exorbitante teimosia.
é que de tanto declamar
e os olhos buscarem um destino,
desando três passos,
como se descobrisse um iceberg
em pleno Rio.
no dia em que fui te encontrar
nas horas distraídas,
desinibida descontraída
exatamente pronta para dar
declarações despidas
encontrei a vaga ocupada
dentro do seu olhar.
cansada demais para avançar
deixo de continuar.
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
miudezas
não por mim que resta no mundo
feito pólvora destilada no cano da faca.
quando velejo na infância do sorriso perdido
entre a cidade grande e as miudezas,
sinto a força da gravidade instantânea
de lágrima diamante e histórias pasmadas
o muro desfalecido,
o pulso arrebentado,
é por vagar que a estação parou.
nada é tão supremo feito o mar
entrando na borda da boca suprimida
os pés crescidos no deck prestes a saltar.
sigo a contar baixo os dramas,
impossível não rogar
pela paz desordeira entrando no rosto.
não é por nós que recordo as placas,
a cidade é gigantesca,
os discos atrasados e o novo
discutido no plenário, deixado pra depois.
é por acreditar que amanhã
as ovelhas abrem os olhos no pasto
mesmo de medo,
as crianças correm liberdade,
para onde?
não é por eternizar teu suspiro
na praça Mandela,
o rosto antiga verdade revelada
na boca estagnada
arraiá dos males entendidos.
não por ti, que amo desmedida,
é puro reflexo da vida estendida.
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Corte a próxima cena
uma por uma
como se fossem pétalas os cílios,
cortei a pele
e descobri um sangue aguado,
sem cor.
Cortei as esperanças aliadas aos pulsos
Cortei o fio que atava a sanidade
Segue a inspiração em meio à lama vermelha.
Passei batom dor que o sangue desconhecido já não tinha,
Fui mulher por mais um dia
Não me reconheço porém
meu nome não saiu no jornal,
só mais uma erguendo a dor como troféu no final;
O chão sujo de sangue pálido transgressor
O meu drama foi escrito em restrito
Morrerei sem dar avisos
Cena 2 (corta)
09 de junho de 2014
Não conte os segredos meus segredos ao mar
30 de julho de 2014
Vamos, repartir minha solidão. Deite no escuro e sinta o cheiro dessa carta molhada pelo choro corrente. Lamba essa carta e imagine que o choro é o mar que embarcou essa carta até suas mãos. Mãos calejadas por amores navegados? Queria ser salva essa noite. Eu só queria enfiar a minha tristeza nessa garrafa, como farei com a minha carta. Seria muito pedir para você queimar depois de ler?
Peço licença aos Paulistas (isso é um caso pessoal)
E ri das minhas prosas
Faz graça do meu sotaque
Muito mais do que carioca
E reclama dos meu cabelos
Que se enroscam
Em suas costas
Mostra à todos meus defeitos
Mas quando vou embora
Me pega de jeito
E implora
Eu que sou carioca
Com meu jeito de poetisa
Ironizo a ginga desse rapaz
Que deu o coração
Mas se faz de durão
Pois sabe que o próprio sotaque
É de paulista
Sem rima
Sem poetisa
6 de julho de 2014
Teu desde 27 de julho de 2014
nos olhos dela
ausentes de cor.
Compreendi que a aceito
mesmo sabendo
que a qualquer hora
vai abrir a porta
com a roupa mais justa
até no inverno
e me ouvir chorar atrás da porta.
Meu coração
vai ficar mais apertado
do que o corpo dela
contra o vestido
de couro sintético.
Ela vai socar
minha felicidade
enquanto
sai pela porta.
E ela me chama de amor
porque não sabe o meu nome
mas se for embora
rogo sem adeus
me chame
pelo codinome: Teu
Das tragadas do cigarro os lábios em aviso
"Não se iluda amor, tudo que sou não é nem meu"
20 de julho de 2014
E o carteiro não chegou
Com minhas cartas extraviadas
Acho que algum dia vão notar que gosto de cartas
Vão saber que eu gosto mesmo é de você
Alguma parte me falta
Será o fígado baleado por cachaça
O meu dinheiro é pouco, minha fé é muita
E você assim do outro lado da montanha
Me ganha como fosse ao lado da cama
Mar morto
Estou me transformando em maresia
Porque seus olhos são esse mares que se transformam em poesia
Vai-e-vem me arrebentando e sabe-se lá,
Que sabe um dia eu enjoe de você
Por que insisto em te lembrar nas noites de insônia?
Como um fantasma que me consome em lágrimas
E gritos
E mitos de que você seja só um sonho
Mas sei tão nítido que eu ainda nem dormi...
Prezo pelo seu descanso nos ombros de uma onda mansa
Que te carregue ao precipício
... Esse mar é o meu suicídio por te amar ...
Rodovia 666
Suspirar a solidão dessa noite morna me faz querer escrever
não apenas sobre esse vazio indiscreto, sobre nós
sobre você e as bermudas que não negam sua idade mental
ou seus cigarros viciosos - eu sou aquele que mais intoxica
Você me intriga assim tão camuflado entre duas cidades soberbas
cada viela que te entrega não nega a sua falta de pudor
e seus modos exaustos de me pedir amor
Assim me pinta em seu corpo como faixa de pista
só para não me perder de vista e, enfim, sair da linha
em meio ao caos da rodovida engarrafada
prestes a morrer na contra mãos - de mãos dadas
e se alucina quando me olha pelo retrovisor
revisando os lados para ver o encontro do amor
Mapa astral
Decorei seus feitiços mas os seus modos de agir....
Ah, esse seu mapa astral me desmonta em versos
Em plena véspera de nossa vigésima despedida
Pontinha do cigarro com gosto de canela afogada
E cada vez que te acendi à noite dopada
Fiz com as mãos trementes e o coração inchado
De tanto se afogar em seus lábios
Grandes Misantrópicos Rudes Genuínos
Esse seu medo de perder o último ônibus
E essa folia que te vicia
Me arrepiam pois o que eu devia temer
É esse coração salgado que te alucina
Talvez a cereja seja o bendito fruto do seu pecado
Esses lábios me lambuzam com bala de cereja e gosto de cerveja
E esse cheiro está no moletom do passageiro ao meu lado
Ah que inferno preciso trocar de lugar, de cidade ou te conquistar de verdade
Eu consigo caracterizar seus lábios melhor do que a minha própria face
Eu sei que você vai rir da minha monotonia de te escrever todo dia
Eu corri a calçada inteira do Rio de Janeiro só para as lágrimas morrerem no mar
Com a chegada do verão o meu amor vem afobado
É que parei com os cigarros
Quarto andar
Tem uma traça ao lado da cama recebendo o calor artificial do abajur, implorando amor sem se mover, posso ouvir seus gemidos a me puir os sonhos.
Tem um homem me ligando, querendo um encontro, mas como posso ajudá-lo se o que mais estou é perdida?
Na arte dissimulada posta em minha parede tento decifrar o sorriso plagiado de Mona lisa, ou o Infinito Particular de Yayoi que tanto me alucina.
Conto aos cantos o meu desencontro quanto às cores bregas dos edifícios. Quanta discrição. Quanto silêncio no elevador.
Já basta de esconder nossa dor.
construir a minha obra de vida em sua pele
ele tem essa pele que mais parece
quando encosto meu pincel
ele me chama de artista
e talvez perceba o quanto estremeço
ao esbarrar na solidão que é a sua obra prima
eu escrevo quase como um grito
que esse atrito entre nós causa toda poesia
ainda não escrita em qualquer livro vendido em livraria
ele tem receio de me melar com toda a tinta negra
que compõem seus esboços e fantasias
ele ouve o som do mar
e eu posso ouvir daqui
as ondas do meu pintar escorrendo
por essa tela de cores líricas
31/12/2014
talvez gostasse de toda essa minha falta de lucidez.
sentiria a vaidade te queimar as bochechas
e daí desfilaria seu cheiro de suor fresco pela minha rua.
pelo menos em lábios pintados por reticências...
Um lugar ao sol
Entrada Franca
eu dançaria com o seu nome
se a poesia me permitisse te tirar do papel
e vigiaria o céu de hoje
pois alguma estrela cadente
há de me trazer notícia de sua chegada
deitei na proa da barca me afoguei e esperei
a noite inteira pois
haja chuva ou choro
a maresia me diria o dia
e eu colocaria em você o motivo
da minha febre de vida e de morte
mesmo que isso te assuste
mesmo se você temesse encarar
os meus olhos na manhã de segunda
temos previsão de chuva!
e os tempos verbais dizem que a tempestade
não depende do tempo que perdemos criando discurso coesos
mas sim de seus olhos indefinidos e úmidos
quase implorando pela paz que não existe nas palavras
ou no amor desregulado que te ofereço sem diagnóstico
e eu usei seu nome tantas vezes
mas não deixo de escrever que você existe sim
e grita aqui dentro e chora e tem maresia todo fim de tarde
e fim de semana eu passo na sua casa pra provar
que já não paro de pensar que nem sei onde deixei o isqueiro
então procuro o fogo pela cidade tentando criar um título
digno pro poema em sufoco
eu só não esqueceria o seu nome
eu dançaria com o seu nome
são tantos pecados e há um crime no ato
do encontro dos seus lábios com o medo de tudo não diz
tem vinho dentro da bolsa e bilhetes pro cinema perto de casa
a entrada em mim você tem de graça
domingo, 15 de outubro de 2017
Infância
no percurso, um abismo que calculávamos
ser o desvio através do armário secreto.
O infinito sabíamos mais perto, a morte
rodava feito ciclo dos planetas nas mãos,
nos revestímos de álcool e nuvens,
mas ao norte os montes pareciam afiados
aos pés e roupas fidalgas.
Nus e antiquados, assistíamos à serenata
acreditando na força que o amor
depositava sob o fundo dos olhos turvos,
prometíamos não chorar, mas o suor descia
as mangas caíam, o cheiro era de vida verde
e fazia tempo que os caules frágeis
resistiam à força da paisagem.
Ainda somos aqueles moleques do parque
arriando a calça e cagando no tronco
com medo apenas das formigas de bunda grande.
Era bonito sair e a porta entre-fechada
arrombava o coração da garotada
as bolas, as pipas, os jogos
despistavam a violência dos corpos
crescidos e esquálidos.
Bem desse lado da atmosfera a cidade
parece alagada por terra maciça
O céu nos dando bom-dia.
É noite mas a plácida aurora
a enfiar-se pelo espaço da porta
nos recorda, chegou a hora de entrar
na brusca viagem indistinta
Sonhar os dias que nos tragam
nossa indomável infância perdida.
sábado, 14 de outubro de 2017
Luz
da sombra antiga
cheiro agradável
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Lá Luna
A confusão dos cosmos
E ao véu la Luna
Revestida de estrelas
Vastidão
Dos esplendores
Cavalheiros e Pôneis
Armados de constelações
Ao redor das esferas
Tuas órbitas
Ao mar caminhar
Dá-se luz
À tua sombra
Destino
sábado, 30 de setembro de 2017
Desculpas
terça-feira, 26 de setembro de 2017
ao fim de partida
na plataforma do último sonho
alcance
em vastidão
os cogumelos
e canelas e cravos
formule as palavras
enunciadas por convulsão
da boca solene
em delírio imóvel
entre hinos sonâmbulos
à medida que teu corpo
deita
esgotado
escorrendo pelos trilhos
confessaria fugir no véu
encoberto da noite satírica
no drama crepuscular
em ventania do
vestido acetinado
sem destinos apuros
o corpo desliza
nas vagas imprecisões
entretanto
pegue o trem azul
mais longe
mais distante
mais alto que puder
saltar
e quando alcancar
lembre do sonho
todo azul
atropele as estradas
as vias asfaltadas
feche os olhos
embora assustada
e grite
o terminal dos sonhos
ainda não alçou
terça-feira, 19 de setembro de 2017
Depressão
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
Anti-horário
Quis te revelar em versos
as preces conjugadas
no fim de partida
enquanto observaríamos
o calor reluzente
das letras
Maiúsculas
Repousar teu dorso insensato
no centro dos seios
e rogar por um destino
que ajude o riso
contínuo
o fluxo elementar
dos riachos verdinhos
Se o mundo acabasse
em melodia
faria versos
toda a vida
e reencarnaria
em teu nome
Teu gesto urbano
desmedido e insujeitável
Transpirando
insolúvel
fomos confundidos
com os contornos
Das horas
domingo, 10 de setembro de 2017
Passarinhos
Houve tempo
das manhãs
Raiar cedo
e olhos acesos
As batidas
e o silêncio impreciso
Tua casa
aqui dentro
Quentura dos
teus cobertores
O café dizia
do acordar
Que descanso
Requentado
em pleno domingo
Você ouviria
as histórias antigas
De um tempo
amarelado
O sol lá fora
em convite
Como é bom
sua rua liberdade
Meu adeus
Ainda há tempo
Pra discutir
sobre o suor
E o destino
do apego
Quanto ao receio
Passageiros
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
se soubéssemos -
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
Pois é impossível ignorar a leveza das rosas murchando no inverno de lágrima e riso solto
À cor dos olhos intranquilos no vagão incinerado na avenida atlântica
Talvez você saiba o sabor dos tons da madrugada passiva na orla das intenções marítimas
Mas sem preparo ao mergulho teus braços buscam areia das horas que deslizam nas noites da praia deserta
E morre afobado quando em solidão o peito arfa feito maratona do mar em revolta
Enquanto a boca espumada entrega o sal das correntes vindo de um Portugal insosso
Transitaria nas palavras de amor embarcada nos sentidos que flutuam sonhos ancorados no castelo de memórias
E sem motivos de volta a maré em homicídio entre corpos estirados e balas de canhão o coração blindado
As multidões em brasa e a distante praia gostaria de te ver declamar que o amor está em tempo de guerra continue antes de afogar continue a nadar
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Dedicatória
Guardei o verso mínimo
Pra dizer das coisas
Que não diríamos se as palavras
Fossem amenas
Pois quero te oferecer
Uma rima breve
Antes do riso e dos olhos
Que condenam versos poucos
Tanta intenção
Que sei lá
Discernir e voar
Até seus lábios aturdidos
Descobrirem o tom
Da minha voz
Ao inverso
O silêncio desmedido
sábado, 19 de agosto de 2017
Contornar a saudade do que ficou
Novamente a estrada vai se refazendo é possível pensar em coisas boas feito as nuvens de açúcar, os beijos de côco, sorve-te o dia inteiro de calor
A gente assoando o nariz desse caos orgânico, enquanto navegar na web é um pouco de privacidade às avessas, pegar o bonde andando, correr de salto no escuro em pedra portuguesa.
As vezes acho que colonizaram até o tom das ruas, de viela em vão.
Tem dias que a gente se sente como quem partiu e não quer voltar mas se a estrada é ampla e caminho em segurança, por que insistir em retornar?
quarta-feira, 16 de agosto de 2017
Canteiros
Vieram perguntar se não gosto de vida num dia quente tão morno que respondi sim mesmo não conseguindo sorrir eu acho que aquela pergunta me invadiu mais do que o brilho do sol
Dobrei as mangas da roupa de dias e não pude recuar com palavras nem os passos estava sentada e ergui a voz meu deus como eu queria correr entre as framboesas num mato verdíssimo
Mas é que o brilhos dos olhos e das manhãs das maçãs tudo bem se chorar de vontade
Tudo bem se não estiver