Escrevendo,
Entrei em contato
com a ausência de palavras
no manejo breve e secundário
das falas ininterruptas
Em repouso,
a brasa do sol
em meio ao céu riscado
Desde o sutil sorriso
da nuvem carregada,
permanecemos calados
Mesmo diante dos sons estrangeiros
Contudo surgia enfim
o sinto muito
a guiar os olhos afligidos
e as mãos desnorteadas
Enfim o pôr do sol mudo
Em anúncio,
a boca colada ao silêncio
declamando desvios
a fim de nos assistir discutir
sobre a discrição
do amor sigiloso
Assim ouvimos o mundo
em ronco grave
quanto ao despertar
das ilusões possíveis
dados ao ruído das auroras
Escrevendo,
Lido com a falta de jeito
em admitir que falamos
qualquer língua
que soe disponível
aos ouvidos
atentos de pérolas e sopro
Cochichava silêncio
a um mundo incapaz de ouvir
o surrar das dores caladas
e dormentes, descobriríamos
se soubéssemos -
se soubéssemos -
que o mesmo mundo
não escuta em voz baixa
Escrevendo,
Escutei minha voz, que falta
Nenhum comentário:
Postar um comentário