quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Escrevendo, 
Entrei em contato 
com a ausência de palavras 
no manejo breve e secundário 
das falas ininterruptas 

Em repouso,
a brasa do sol 
em meio ao céu riscado 
Desde o sutil sorriso 
da nuvem carregada, 
permanecemos calados 

Mesmo diante dos sons estrangeiros 

Contudo surgia enfim 
o sinto muito 
a guiar os olhos afligidos 
e as mãos desnorteadas 
Enfim o pôr do sol mudo 

Em anúncio, 
a boca colada ao silêncio 
declamando desvios 
a fim de nos assistir discutir 
sobre a discrição 
do amor sigiloso 

Assim ouvimos o mundo 
em ronco grave 
quanto ao despertar 
das ilusões possíveis 
dados ao ruído das auroras 

Escrevendo,
Lido com a falta de jeito 
em admitir que falamos 
qualquer língua 
que soe disponível 
aos ouvidos 
atentos de pérolas e sopro 

Cochichava silêncio 
a um mundo incapaz de ouvir 
o surrar das dores caladas 
e dormentes, descobriríamos
se soubéssemos -
que o mesmo mundo 
não escuta em voz baixa 

Escrevendo,
Escutei minha voz, que falta 

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